Crise no Benfica
21 setembro 2024 às 16h38
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Insultos, confusão na AG e demissão de Fernando Seara

Rui Costa pediu desculpa aos sócios pelos acontecimentos na reunião magna que levaram à saída do presidente da Mesa. Estatutos aprovados na generalidade antes da suspensão e adiamento final. Será retomada em 30 dias.

O ambiente no Benfica continua a ferro e fogo e provocou hoje a demissão do presidente da Mesa da Assembleia Geral. Fernando Seara saiu em plena reunião magna de revisão dos estatutos do clube, em desagrado com os pedidos de suspensão da Assembleia Geral Extraordinária, por imprecisões na votação dos artigos. A reunião magna foi primeiro suspensa e depois adiada para data a anunciar (tem de acontecer no prazo de 30 dias). 

Rui Costa fechou os trabalhos com pedidos de desculpa aos benfiquistas pelo sucedido durante a tarde, mas o clima continua tenso e prevêem-se dias muito complicados para o presidente do Benfica, que já na próxima semana (dia 27) volta a enfrentar os associados em nova AG, desta vez para votar e aprovar as contas do exercício da época 2023-24 do Benfica clube (não da SAD) com um resultado líquido negativo recorde de 21,1 milhões de euros, depois de 14 anos consecutivos positivos.

Hoje, já depois de aprovados “na generalidade” alguns pontos da proposta global de revisão de estatutos apresentada pela direção do Benfica, a Assembleia Geral Extraordinária, que contava com 1644 sócios, foi suspensa e o presidente da Mesa, Fernando Seara, apresentou a demissão. 

João Diogo Manteigas, que já assumiu a candidatura à presidência do clube, nas eleições de outubro de 2025, detetou um erro nos artigos alvo de votação - as propostas de alterações que foram feitas não correspondiam ao número do artigo em questão - e meteu um requerimento à Mesa da Assembleia Geral, mas o presidente, Fernando Seara, não se mostrou sensível aos argumentos do advogado e quis prosseguir os trabalhos. Uma decisão que gerou uma grande confusão no Pavilhão da Luz onde decorria o evento, ouvindo-se gritos exaltados de revolta e pedidos de demissão. 

No meio deste clima de tensão, um outro sócio avançou com um requerimento para a interrupção dos trabalhos, que foi admitido pela Mesa da AG e teve aprovação dos sócios, o que levou à demissão do líder da Mesa. O fim prematuro da reunião magna gerou alguns momentos tensos no interior e exterior do pavilhão, onde João Diogo Manteigas foi alvo de intimidação por parte de alguns adeptos, e obrigou à presença de forças policiais. No interior do pavilhão, Rui Costa apelou à calma e pediu para que os trabalhos prosseguissem sob liderança do vice-presidente, José Pereira da Costa. O que acabou por acontecer.

De forma mais pacífica, os sócios foram votando artigo a artigo pela noite dentro. Mas com o passar das horas, foi-se percebendo que não era possível acabar o processo - foram votados cerca de 20 dos mais de 90 artigos - e a reunião foi adiada.

Iniciado há mais de um ano, o processo de revisão dos estatutos - a última revisão foi feita em 2010 - procede a alterações significativas como a limitação de mandatos do presidente do clube (três) e a criação de uma Comissão de Remunerações dos órgãos sociais. Eram necessários três quartos de votos dos sócios presentes, nas votações inicial, global, intermédias na especialidade e final global. A primeira e a segunda votações foram feitas de braço no ar; a última será através de voto físico, em urna.

isaura.almeida@dn.pt