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21 setembro 2024 às 00h04
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“Kökçü foi rentabilizado e até Aktürkoglu ganhou com isso”

João Alves considera que Bruno Lage já conseguiu a mudança anímica pós Roger Schmidt, arrumou a equipa e colocou os jogadores certos na posição certa. O ex-jogador das águias, contudo, lembra que só com treinos e ganhando rotinas haverá mais “qualidade de jogo”.

A exibição do Benfica em Belgrado, quinta-feira, na vitória diante do Estrela Vermelha (2-1), na 1.ª jornada da Liga dos Campeões, foi algo sofrida “e ainda mostrou pouco do processo/método Bruno Lage”, segundo João Alves, para quem é “notório” que é necessário dar tempo para o novo técnico proceder a mudanças substanciais ao nível do jogo.

Afinal é preciso ter em conta que o novo técnico benfiquista orientou apenas cinco treinos, fez dois jogos oficiais e conseguiu duas vitórias. Depois de conseguida “a mudança anímica” e de mostrar uma proximidade com a equipa, que Roger Schmidt não revelava publicamente, “falta ter treinos suficientes para dar processos à equipa”.

Até agora, e como o próprio Lage disse na primeira conferência de imprensa após o regresso à Luz, onde em 2019-20 foi Campeão Nacional, a prioridade foi blindar o balneário ao ruído exterior - em alusão às críticas do ex-presidente Luís Filipe Vieira a Rui Costa, que hoje enfrenta uma Assembleia-Geral para revisão dos estatutos do clube. 

E como disse Di María no fim do jogo com os sérvios, “agora as bolas entram” e isso tem feito a diferença.

Algo com que o antigo jogador do Benfica e da seleção concorda: “O mérito de Lage foi pegar na equipa da maneira certa, sem complicar. Percebe-se uma mentalidade diferente na forma dos jogadores olharem para o jogo. Além disso, Lage arrumou a equipa, colocou os jogadores certos na posição certa, onde eles jogam mais confortavelmente e rendem mais.” 

Isso surtiu efeito logo no primeiro jogo, diante do Santa Clara (4-1), que tirando um golo sofrido, fruto de um erro pessoal de Otamendi, resultou na melhor exibição da época, segundo João Alves, que percebe a resistência do novo técnico em recorrer à fórmula Roger Schmidt e colocar Aursnes a defesa-direito. Para o ex-jogador, o quarteto defensivo que alinhou diante do Estrela Vermelha - Bah, António Silva, Otamendi e Carreras - é o que deve jogar.

Porque, mais do que organizar defensivamente, na opinião de João Alves é preciso acertar com as peças do meio-campo: “Ele mudou o sistema tático e passou a jogar em 4x3x3, em vez de jogar com dois médios interiores, como Schmidt, e essa mudança solucionou alguns desequilíbrios no momento da perda da bola - nomeadamente do lado de Di María, que parece ter carta branca para brilhar e ser protegido para tal -, reforçando o meio-campo.” “Mas penso que Bruno Lage já percebeu que ainda falta qualquer coisa” , acrescentou.

E o que falta? Renato Sanches ? “Aí não me atrevo a dizer ao Lage o que fazer”, respondeu o antigo internacional português, que alinha na opinião geral sobre a melhor utilização de “Kökçü, que foi rentabilizado, e até Aktürkoğlu ganhou com isso.”

Em dois jogos, o extremo turco, contratado já depois da saída de Roger Schmidt, fez dois golos em dois jogos: “Aktürkoglu é um jogador extraordinário que encaixou perfeitamente no esquema e ideologia simples deste Benfica de Bruno Lage e elevou, ou fez sobressair, como quiserem, o nível do compatriota [Kökçü] no meio campo. Mostrou que se pode sacrificar pela equipa, tendo acabado o jogo em Belgrado quase a lateral, com grande voluntarismo.”

O desafio agora é “dar qualidade de jogo”, como o próprio técnico prometeu no dia da apresentação. E isso só se faz com treino e ganhando rotinas e jogos. O próximo é com o Boavista, no Bessa, segunda-feira, a contar para a 6.ª jornada da I Liga.

isaura.almeida@dn.pt

Tópicos: Benfica, Bruno Lage