Guerra na Ucrânia
21 outubro 2024 às 09h41
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NATO e UE consideram que envio de tropas norte-coreanas para a Ucrânia levaria a uma escalada na guerra

As autoridades ucranianas informaram que Moscovo planeia enviar cerca de 10.000 soldados norte-coreanos para a região de Kursk a partir de 01 de novembro para conter os avanços ucranianos.

O envio de soldados norte-coreanos para combater ao lado das forças russas na Ucrânia levaria a uma escalada significativa na guerra, declarou esta segunda-feira o secretário-geral da NATO, Mark Rutte.

"O envio de tropas pela Coreia do Norte para combater com a Rússia na Ucrânia marcaria uma escalada significativa" na guerra, declarou o responsável da Aliança Atlântica na rede social X.

"Conversei com o Presidente sul-coreano [Yoon Suk Yeol] sobre a estreita parceria entre a NATO e Seul, a cooperação da indústria da defesa e a segurança interligada das [regiões] Euro-atlântica e Indo-Pacífico", afirmou Rutte.

A Coreia do Sul convocou o embaixador russo em Seul para manifestar descontentamento com a decisão de Pyongyang de enviar milhares de soldados para apoiar Moscovo na guerra com a Ucrânia, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros.

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, Kim Hong-kyun, expressou, em comunicado, as "graves preocupações" de Seul sobre o recente envio de tropas norte-coreanas para a Rússia e exigiu firmemente a retirada imediata das forças norte-coreanas e a cessação da cooperação nesta área.

Kim Hong-kyun, transmitiu a posição do Governo de Yoon Suk-yeol durante um encontro com o embaixador russo, Georgy Zinoviev, segundo a agência Yonhap, citando fontes diplomáticas.

Zinoviev confirmou aos meios de comunicação social, à saída do Ministério dos Negócios Estrangeiros em Seul, que se encontrou com Kim, mas recusou responder a mais perguntas. 

A aliança entre Moscovo e Pyongyang "não é dirigida" contra a Coreia do Sul, afirmou a embaixada russa em Seul.

O embaixador Georgi Zinoviev, sublinhou, durante o seu encontro com as autoridades diplomáticas sul-coreanas, que a "cooperação entre a Rússia e a Coreia do Norte é realizada no âmbito do Direito internacional e não é dirigida contra os interesses de segurança da República da Coreia".

Na sexta-feira, o Serviço Nacional de Informações da Coreia do Sul (NIS) garantiu que Pyongyang pretende enviar cerca de 12 mil soldados para a Ucrânia e que 1.500 já foram transferidos na semana passada para instalações militares russas nas regiões de Primorye, Khabarovsk e Amur, no Extremo Oriente.

As autoridades ucranianas informaram que Moscovo planeia enviar cerca de 10.000 soldados norte-coreanos para a região de Kursk a partir de 01 de novembro para conter os avanços ucranianos.

Moscovo considerou uma farsa as acusações, enquanto Pyongyang está a ignorar a questão.

Os analistas consideram que este acordo entre a Coreia do Norte e a Rússia está em linha com o tratado de parceria estratégica bilateral assinado em junho e que apela à assistência militar mútua no caso de um dos dois países ser atacado. 

UE muito preocupada com apoio militar da Coreia do Norte à Rússia e teme escalada

A diplomacia da União Europeia (UE) disse esta segunda-feira estar "muito preocupada" com o apoio militar da Coreia do Norte à Rússia, com o envio de soldados coreanos para a guerra com a Ucrânia, temendo um "novo nível de escalada".

"Essa deve ser uma operação muito especial que a Rússia está a levar a cabo na Ucrânia, para ser necessária a ajuda de soldados de um regime que está sob sanções das Nações Unidas. Estamos, evidentemente, muito preocupados, e temos estado muito preocupados com a crescente cooperação militar entre a Coreia do Norte e a Rússia", disse o porta-voz da Comissão Europeia para os Negócios Estrangeiros, Peter Stano.

Reagindo em nome da UE, na conferência de imprensa diária da instituição em Bruxelas, o responsável disse que o bloco está também "muito preocupado com as transferências de armas que estão a ocorrer entre estes dois países, e tudo isto está a violar flagrantemente múltiplas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas".

"Se os relatos sobre a transferência de soldados da Coreia do Norte para a Rússia se confirmarem, isso marcará um novo nível de escalada e um aumento significativo da sua cooperação, o que significa que a Coreia do Norte e a Rússia desafiaram ainda mais as regras internacionais e o direito internacional", vincou Peter Stano.

De acordo com o responsável, isso também "demonstra como a Rússia está a escalar as suas ações ilegais contra a Ucrânia e como não está, de todo, interessada em soluções pacíficas".

"Também indica que a Rússia está realmente desesperada por qualquer tipo de ajuda que possa obter porque está tão isolada", concluiu.