O secretário-geral das Nações Unidas foi esta quinta-feira à Rússia para discursar perante os líderes dos BRICS, tendo pedido um “cessar-fogo imediato” em Gaza e apelado à paz no Líbano e na Ucrânia. À margem desta cimeira era esperado um encontro entre António Guterres e Vladmir Putin, a primeira reunião entre os dois líderes desde abril de 2022, dois meses após a invasão russa da Ucrânia.
“Precisamos de paz em todo o lado. Precisamos de paz em Gaza com um cessar-fogo imediato e uma libertação imediata e incondicional de todos os reféns”, declarou o secretário-geral da ONU que, ainda sobre a situação no Médio Oriente e as várias frentes de combate (Gaza e Líbano), disse ser necessário distribuir a ajuda humanitária de forma efetiva e fazer progressos “irreversíveis” para “acabar com a ocupação israelita” e implementar a solução de dois Estados (Palestina e Israel).
António Guterres também apelou à paz na Ucrânia, pedindo “uma paz justa, em conformidade com a Carta das Nações Unidas, o direito internacional e as resoluções da Assembleia Geral”. E pediu ainda um acordo no Sudão e a defesa “dos valores da Carta das Nações Unidas, do Estado de Direito e dos princípios de soberania, integridade territorial e independência política de todos os Estados”.
Falando na data em que se assinalou o Dia da Organização das Nações Unidas, que marca o aniversário da entrada em vigor, em 1945, da Carta das Nações Unidas, António Guterres recordou ainda os quatro desafios que a Cimeira do Futuro, promovida pela organização multilateral em setembro, estabeleceu para as áreas das finanças, do clima, da tecnologia e da paz. “Agora devemos transformar as palavras em ações”, concluiu o português.
No final da reunião dos BRICS, o anfitrião Vladimir Putin deu uma conferência de imprensa, na qual foi confrontado por Steve Rosenberg, editor de Rússia da BBC, sobre “justiça e segurança” à luz da guerra na Ucrânia. Em resposta, o presidente russo disse que a expansão da NATO “viola” a segurança de Moscovo, acrescentando que “aqui não há justiça e queremos mudar isso”.
O mesmo jornalista também perguntou a Vladimir Putin sobre os recentes relatórios de inteligência do MI5, que afirmavam que a agência de inteligência da Rússia tem a missão de gerar “caos contínuo nas ruas britânicas e europeias”. “É um absurdo completo”, respondeu Putin.
com Lusa