Uma nova variante mais mortal de mpox, que se transmite mais facilmente entre pessoas, está a matar crianças e a causar abortos espontâneos na República Democrática do Congo e pode já se ter espalhado para países vizinhos, alertaram os investigadores.
Todos os países deveriam preparar-se para "esta nova variante antes que se espalhe para outros lugares, antes que seja tarde demais", disse à AFP Jean Claude Udahemuka, investigador da Universidade do Ruanda, que estuda o surto.
Um surto global de uma nova variante de Mpox, anteriormente conhecida como varíola dos macacos, espalhou-se em 2022 por mais de 110 países, afetando principalmente homens homossexuais e bissexuais. Essa foi a variante denominada por clado II.
Porém, têm existido surtos regulares da variante clado I - que é 10 vezes mais mortal - em África desde que foi detetada pela primeira vez na República Democrática do Congo em 1970. Embora o surto global tenha sido em grande parte transmitido sexualmente, as pessoas em África normalmente contraem o clado I a partir de animais infetados, como quando comem carne de caça.
Mas "era óbvio que algo estava diferente" num surto de mpox detetado entre profissionais do sexo na remota cidade mineira congolesa de Kamituga, em setembro do ano passado, disse Udahemuka numa conferência de imprensa online. Ao contrário de surtos anteriores no país da África Central, o vírus estava a ser transmitido através de relações sexuais entre heterossexuais. Os testes revelaram que se tratava de uma variante mutada da cepa original chamada clado Ib. É “sem dúvida a cepa mais perigosa até agora”, disse Udahemuka.
Mais de 1000 casos da variante clado Ib foram notificados na província de Kivu do Sul desde então, disse Leandre Murhula Masirika, que liderou a investigação local sobre o surto.
"Há mais de 20 novos casos todas as semanas só em Kamituga – e o número está a aumentar", alertou.