O sonho de Jota Silva pode tornar-se hoje realidade, caso seja um dos eleitos de Roberto Martínez para o jogo de Portugal com a Suécia de Viktor Gyökeres. E pensar que há cinco anos jogava nos Distritais do Porto e há ano e meio na II Liga.
“Vim para desfrutar, mas com muita ambição e sentido de responsabilidade. Claro que quero ter os meus minutos e estrear-me. Quero provar que isto não é uma passagem, mas que vim para ficar. Depois do André André, ser o jogador do Vitória a ter minutos na seleção é ótimo”, disse o extremo, um dos jogadores que hoje se podem estrear, a par de Dany Mota, Francisco Conceição e Samuel Soares.
O rapaz simples, humilde e correto que nasceu em Melres (Foz do Sousa, Gondomar) há 24 anos é um exemplo de como a resiliência compensa. “O Jota Silva é um jogador diferente. Gosto da versatilidade dele, trabalha muito, é competitivo. Isso mostra o seu trajeto, passar pela II Divisão dá valências diferentes. No futebol, também é preciso ter sorte. Acho que ele está num momento muito bom e mereceu chegar à seleção”, referiu o selecionador.
Começou a jogar no Sousense, clube onde fez a formação e jogou nos Distritais da AFPorto (2016-17). Foi nessa época que iniciou a escalada supersónica, mas sustentada, agora premiada com a chamada à seleção. Mas tudo podia ter sido bem diferente. Lateral esquerdo de raiz, partiu o tornozelo durante a pré-época. “Consegui superar uma lesão grave em tempo recorde. Foi um trabalho muito duro, depois estreei-me na equipa principal e a partir daí estava preparado para correr atrás do sonho. Acreditava muito”, contou ao site Zerozero.
Seguiu-se o Sp. Espinho (2019-20), no Campeonato de Portugal, antes do salto para a II Liga, primeiro no Leixões (2020-21) e depois no Casa Pia (2020-22). Subiu à I Liga com os gansos, mas mudou-se para Guimarães, onde na época passada se estreou no escalão máximo do futebol português.
“Não tive boas condições nos clubes que representei no início da minha carreira, mas tinha de mostrar resultados. Isso moldou a minha personalidade. Não preciso de muito para ser feliz. O sucesso depende do trabalho e, se quiseres ter sucesso, então tens de trabalhar arduamente”, afirmou Jota, que ganhou o hábito de morder a língua enquanto guiava a bola rumo à baliza adversária nos Distritais.
O cabelo e as parecenças físicas aliados a uma certa irreverência, ganha nas ruas de Gondomar, valeu-lhe a alcunha de Jack Grealish. Até Bernardo Silva, que joga com o verdadeiro Grealish no Manchester City, brincou com as parecenças e até tirou uma selfie com Jota Silva para mostrar ao colega dos citizens: “Se calhar levo o Jota comigo para enganar o Guardiola [risos].”
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