Ofensiva militar
13 abril 2024 às 21h55
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Irão atacou Israel, que aprovou resposta "sem precedentes". Conselho de Segurança da ONU reúne-se este domingo

Criança de dez anos foi a primeira vítima oficial da ofensiva iraniana, que transformou os céus israelitas numa verdadeira chuva de drones, a maioria intercetada pelo Exército israelita com ajuda norte-americana e britânica. O Conselho de Segurança das Nações Unidas vai reunir-se neste domingo.

O Irão lançou este sábado um ataque concertado contra Israel, com drones, mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos. A ofensiva iraniana atingiu território israelita perto da meia noite (hora portuguesa). “O Irão lançou UAVs de seu território em direção ao território do Estado de Israel”, disse o porta-voz militar israelita, Daniel Hagari, num comunicado televisionado, depois do The Times of Israel ter noticiado que havia dezenas de drones iranianos a caminho de território israelita. Mais tarde viria a confirmar que foram também lançados mísseis balísticos e de cruzeiro.

As sirenes começaram a tocar por volta das 22.30 de Lisboa em Snir, uma cidade no norte de Israel, devido a um ataque vindo do Líbano, segundo o The Times of Israel. Pouco depois o Hezbollah anunciou em comunicado que disparou dezenas de rockets em direção a instalações militares israelitas nos Montes Golã esta noite. 

Daniel Hagari, porta-voz das Forças de Defesa de Israel, disse em conferência de imprensa que a maioria dos mísseis foi intercetada fora do espaço aéreo israelita através do sistema de defesa aérea Arrow. Hagari confirmou ainda que uma base militar israelita foi atingida e sofreu “danos ligeiros”. Uma verão diferente da manifestada na agência de notícias estatal iraniana IRNA, que noticiou "sérios danos" que foram infligidos à base.

Perto das 02.00 da manhã em Lisboa, as Forças Armadas de Israel informaram a população israelita de que já não precisava manter-se perto dos abrigos, segundo o Times of Israel. O aviso poderia significar o final do ataque, que até então fizera apenas um ferido grave, uma criança de 10 anos. "O rapaz está em estado grave” foi atingido por estilhaços depois de a defesa antiaérea ter intercetado um drone sobre uma localidade beduína perto da cidade israelita de Arad, no sul de Israel. Ainda assim, foram várias as explosões ouvidas por várias partes de Israel, deixando antever a possibilidade de o balanço ser mais pesado, à medida que amanheça, este domingo.

Assim que o ataque foi noticiado, Israel (asism como a Jordânia, o Líbano e o Iraque) fechou o espaço aéreo e Benjamin Netanyahu reuniu o gabinete de guerra, que aprovou pouco depois uma resposta "sem precedentes" ao ataque iraniano. O presidente dos EUA, Joe Biden, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak manifestaram apoio público de imediato e condenaram os ataques, assim como o Governo português, através do primeiro-ministro Luís Montenegro.

Os aliados americanos e britânicos estiveram mesmo envolvidos na ajuda às forças israelitas para a interceção dos drones.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas vai reunir-se no domingo, a pedido de Israel, que através do representante voltou a criticar António Guterres.

Irão confirmou ataque por retaliação e lançou um sério aviso a quem ajude Israel

O Médio Oriente estava em alerta desde 1 de abril quando o ataque ao consulado iraniano, no qual morreram altos membros da Guarda Revolucionária, foi atribuído a Israel e após subsequentes ameaças de retaliação contra o Estado judaico. A Guarda Revolucionária do Irão confirmou, em comunicado publicado pelo The Times of Israel, o ataque sob Israel, dizendo que se trata de uma "retaliação" após um ataque israelita que destruiu o consulado do Irão em Damasco, na Síria, em que morreram várias pessoas.

E segundo a agência de notícias iraniana Tasnim, associada à Guarda Revolucionária do Irão, os drones “foram lançados em direção a alvos nos territórios ocupados”. Mas, segundo os media estatais iranianos depois de lançar drones e disparado mísseis de cruzeiro, que demoram menos tempo a atingir o alvo, foram também disparada uma “primeira vaga” de mísseis balísticos em direção a Israel. 

O Irão lançou um sério aviso a quem ajudou Israel a abater os drones iranianos, garantindo que não terão qualquer problema em atacar quem impedir que o ataque a Israel seja bem sucedido. “Qualquer país que abra o seu espaço aéreo ou território a Israel para atacar o Irão vai receber a nossa resposta decisiva”, afirmou o ministro da Defesa do Irão, Mohammed Reza Ashtiani, segundo a agência de notícias estatal IRNA.

A mesma agência escreveu que a principal base aérea do Neguev, no sul de Israel, sofreu "sérios danos" depois de ser atingida por mísseis iranianos."A mais importante base aérea do Neguev foi alcançada com êxito por um míssil Kheibar [...] As imagens e os dados indicam que sérios danos foram infligidos a esta base", escreveu a IRNA.

A televisão estatal indicou por outro lado que, "segundo informações recebidas, metade dos mísseis lançados atingiram o alvo com êxito".

Embaixador de Israel na ONU critica António Guterres: "Acorde!!!"

O embaixador de Israel nas Nações Unidas, Gilad Erdan, exigiu ao secretário-geral da ONU, António Guterres, que condene o ataque iraniano.“O Irão violou a carta das Nações Unidas e demonstrou que é uma ameaça à paz global e à segurança”, escreveu no X. “Onde está a sua voz?? Onde está a sua condenação?? Acorde!!!”.

Minutos depois Guterres, reagiu ao ataque iraniana, dizendo que condena “fortemente” a “escalada séria” representada pelo ataque do Irão. “Nem a região, nem o mundo, podem dar-se ao luxo de ter outra guerra”, afirmou.

Fortes explosões foram registadas na capital da Síria

A agência France-Presse (AFP) noticou há momentos que enquanto decorre um ataque de drones e mísseis iranianos contra Israel, foram ouvidas várias detonações cerca da 01:45 local, eram 22:45 em Lisboa, mas nenhum meio de comunicação oficial sírio relatou a situação.

Rapaz de 10 anos em "estado grave"

O serviço de emergência médica de Israel divulgou que está a tratar uma criança de 10 anos, que ficou gravemente ferida: "O rapaz está em estado grave.” O menino foi atingido por estilhaços depois de a defesa antiaérea ter intercetado um drone sobre uma localidade beduína perto da cidade israelita de Arad, no sul de Israel, tornando-se a primeira vítima oficial dos ataques. O rapaz foi levado em estado crítico para o hospital Soroka, na cidade de Be'er Sheva, no deserto do Neguev.

Biden reafirma "compromisso" com Israel

O Presidente dos EUA, Joe Biden, cancelou o fim de semana para reunir o gabinete de segurannça nacional na Casa Branca para fazer “consulta urgentes”. No final escreveu na rede social X que o “compromisso com a segurança de Israel contra as ameaças do Irão e dos seus representantes é inflexível”.

 

Israel aprova “resposta significativa” ao ataque

O gabinete de Benjamin Netanyahu divulgou uma fotografia da reuniao do gabinete de guerra, que aprovou uma “resposta significativa”  e "sem precedentes" ao ataque de drones do Irão, segundo disse um alto funcionário israelita não identificado, citado pelo Canal 12 de televisão. 

Governo português condena ataque

“O Governo português condena veementemente o ataque do Irão a Israel”, escreveu o primeiro-ministro Luís Montenegro rede social X, apelando à contenção, de forma "a evitar uma escalada da violência”.

Chuva de drones intercetados

Serão entre 400 e 500 segundo um alto funcionário norte-americano revelou à ABC News. E segundo a Reuters, há aviões de guerra americanos e britânicos a abaterem alguns dos drones perto da fronteira Síria-Iraque. Os jatos do Reino Unido usados para o apoio a Israel terão saído do Chipre. O Ministério britânico da Defesa já confirmou que os jatos da Força Aérea Real Britânica que estão no Médio Oriente “intercetarão quaisquer ataques aéreos dentro do alcance das missões existentes”.

“Em resposta ao aumento das ameaças iranianas e ao risco de um escalar de violência no Médio Oriente, o governo do Reino Unido tem trabalhado com parceiros em toda a região para encorajar um decréscimo desta escalada e prevenis novos ataques”, lê-se no comunicado citado pela Reuters.

A CNN está a relatar o som de explosões em Jerusalém. Pelas imagens que estão a ser transmitidas nas televisões, há vários drones da primeira das três vagas lançadas a ser intercetados. Mas pelo menos alguns deles terão entrado em território israelita, uma vez que, segundo o Times of Israel estão a tocar as sirenes no sul de Israel e também na cidade de Jerusalém, mas as IDF garantem que "não há feridos".

Já o Haaretz noticia que se ouvem sirenes também no norte do país e na Cisjordânia. O mesmo jornal garante que as IDF confirmam que foram disparados mísseis balísticos em direção a Israel. As sirenes tocam por todo o país e o sistema de defesa aérea do país está a intercetar drones e mísseis.

Missão iraniana na ONU: "O assunto pode dar-se por concluído”

A missão do Irão nas Nações Unidas confirmou que este ataque é em retaliação ao ataque israelita à embaixada em Damasco e declarou que agora “o assunto pode dar-se por concluído”. No entanto, caso Israel “cometa outro erro”, a resposta “será mais severa”. A diplomacia iraniana avisou ainda os EUA para se manterem “afastados”.

Montes Goulã e base da força aérea serão as zonas de impacto do ataque

Os serviços de inteligência de Israel terão apontado os Montes Golã e base da força aérea de Israel no deserto de Negev como zonas de impacto, segundo fontes das autoridades israelitas revelaram ao The New York Times. O jornal norte-americano noticiou ainda que o Hezbollah anunciou em comunicado que disparou dezenas de rockets em direção a instalações militares israelitas nos Montes Golã esta noite. 

 

Benjamin Netanyahu tinha garantido na noite deste sábado que Israel se preparou para "a possibilidade de um ataque direto do Irão, mas horas depois foi obrigado a reunir o gabinete de guerra - o ministro da Defesa Yoav Gallant, o ministro (e líder da oposição) Benny Gantz, o responsável das IDF Herzli Halevi e o conselheiro de segurança nacional Tzachi Hanegbi.

E já depois de Israel anunciar o fecho das escolas, naquele que seria o primeiro dia do ano escolar,  fontes das Forças de Defesa de Israel (IDF) publicaram na rede social X que estão em "alerta máximo". 

"O Presidente Biden foi claro: o nosso apoio à segurança de Israel é de ferro”

Entretanto o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, cancelou o fim de semana e está a caminho da Casa Branca para fazer “consulta urgentes” com a segurança nacional. Antes a presidência do EUA já tinha exigido a libertação do navio com bandeira portuguesa capturado pelo Irão hoje no Estreito de Ormuz. Os EUA confirmaram também o "ataque aéreo do Irão contra Israel". A porta-voz do Conselho de Segurança da Casa Branca, Adrienne Watson garantiu que a equipa de Joe Biden está em “constante comunicação” com os israelitas e deixou um aviso: "O Presidente Biden foi claro: o nosso apoio à segurança de Israel é de ferro.”

No meio destas tensões, Índia, Canadá, Alemanha, Reino Unido, Polónia, França e Áustria pediram aos seus cidadãos para evitarem viagens ao Irão e ao que estão na região, para que abandonarem o país rapidamente.

Rishi Sunak, primeiro-ministro do Reino Unido, condenando aquilo a que chamou um “imprudente ataque contra Israel”, acusando o Irão de monstrar "a intenção de semear o caos no seu próprio território”. E tal como Biden e os EUA, Sunak e o Reino Unido continuam ao lado de Israel, mas defende o controlo da situação para evitar a escalada do conflito: “Ninguém quer ver mais sangue derramado.”

Espaço aéreo fechado em Israel, Jordânia, Iraque e Líbano

O Iraque e a Jordânia tinham encerrado o espaço aéreo antes mesmo das autoridades aeronáuticas israelitas anunciaram o encerramento do espaço aéreo do país a todos os voos, quando se preparam para um ataque de drones iranianos. Segundo a autoridade aeroportuária do país o encerramento entrará em vigor às 12:30, hora local (17:30 EDT).

O Governo libanês juntou-se à Jordânia e ao Iraque na suspensão temporária do seu espaço aéreo, após o ataque anunciado. O ministro das Obras Públicas e Transportes libanês, Ali Hamieh, disse numa publicação na sua conta do X (ex-Twitter) que o encerramento do espaço aéreo vigorará a partir da 01:00 de domingo, hora local (22:00 GMT de sábado). A suspensão abrange "todos os aviões que cheguem, saiam ou cruzem o espaço aéreo libanês, de forma temporária e preventiva", sendo reavaliada de acordo com a "evolução da situação", indicou o governante.

O Iraque, país que faz fronteira com o Irão, anunciou o encerramento do seu espaço aéreo e a suspensão do tráfego aéreo ao final da noite de hoje, no momento em que o Irão lançou um ataque com drones contra Israel. Pouco antes, a Autoridade de Aviação Civil da Jordânia já tinha anunciado o encerramento temporário do seu espaço aéreo como medida "preventiva" contra a ameaça de um possível ataque iraniano contra Israel.

O Médio Oriente estava em alerta desde 1 de abril quando o ataque ao consulado iraniano, no qual morreram altos membros da Guarda Revolucionária, foi atribuído a Israel e após subsequentes ameaças de retaliação contra o Estado judaico. O ayatollah Khamenei, líder supremo do Irão, já publicou um vídeo na rede social X, onde confirma isso mesmo: “O maldoso regime sionista será castigado.”

Governo português desaconselha "quaisquer viagens na região"

O Ministério dos Negócios Estrangeiros liderado pelo ministro Paulo Rangel desaconselhou esta noite “quaisquer viagens na região” e indica aos cidadãos nacionais que “devem respeitar os alertas emitidos pelas autoridades e seguir as suas instruções de segurança”. O ministério diz que está a acompanhar a situação no Médio Oriente “com grande preocupação”.

Embaixada israelita informa que IDF estão a monitorizar ataques

A embaixada israelita em Portugal informou nas redes sociais que as forças armadas israelitas (IDF) estão a monitorizar a situação operacional. Numa publicação no sábado à noite na rede social X (antigo Twitter), na conta oficial da Embaixada de Israel em Portugal, lê-se: "IDF: Há instantes, o Irão lançou UAV ['drones'] a partir do seu território em direção a Israel". "As IDF estão em alerta máximo e monitorizam constantemente a situação operacional"."O sistema de defesa aérea das IDF está em alerta máximo, juntamente com os caças da IAF e os navios da Marinha israelita que estão em missão de defesa no espaço aéreo israelita. As IDF estão a monitorizar todos os alvos", lê-se ainda.

A embaixada conclui a publicação pedindo "ao público que respeite e siga as instruções do Comando da Frente Interna e os anúncios oficiais das IDF sobre o assunto".

O embaixador israelita em Portugal, Dor Shapira, também na rede social X, escreveu que "Israel é um país forte" e que "o povo israelita é um povo resistente". O diplomata termina com a frase "Am Israel Chai!", expressão hebraica de exaltação da comunidade.