Prémio
28 outubro 2024 às 21h45
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Rodri vence a Bola de Ouro 2024. Rúben Dias foi 23.º e Vitinha ficou no 27.º lugar

O médio de 28 anos conquista o prestigiado prémio da revista France Football e UEFA de forma surpreendente. Há 64 anos que um espanhol não era o mais votado. Vinícius Júnior era o favorito, mas ficou em segundo lugar, o que motivou boicote do Real Madrid à gala.

O médio Rodri Hernández, de 28 anos, é o vencedor da Bola de Ouro 2024. O jogador que se encontra a recuperar de uma grave lesão esteve em destaque na época passada ao ser importante no título da Premier League conquistado pelo Manchester City, mas também na conquista do título de campeão da Europa por parte da seleção espanhola.

O surpreendente vencedor foi anunciado esta segunda-feira na gala da 68.ª edição deste prémio que se realizou no Teatro do Châtelet, em Paris. Há 64 anos que um jogador espanhol não vencia a Bola de Ouro, sendo que Rodri é o terceiro jogador a vencer o prémio, depois de Alfredo Di Stéfano (1957 e 1959) e Luis Suárez (1960).

"É um dia especial para mim. Agradeço a todos os que votaram em mim", começou por dizer o 46.º jogador a receber a Bola de Ouro. "Não posso esquecer dos meus companheiros, sem eles também não podia estar aqui. Rúben Dias, muito obrigado por estares aqui. Obrigado ao meu clube, ao Manchester City, mas também à seleção, ao Luis de la Fuente. Mas também ao Carvajal, que sofreu a mesma relação que eu. Mas também àquele que eu sei que também um dia ganhará este troféu, o Lamine. Continua a trabalhar muito. Há muitos outros jogadores que também mereciam ter ganho este troféu e não ganharam, falo de Iniesta, de Xavi, de tantos... Esta é também uma vitória para o futebol espanhol", acrescentou.

Rodri contou depois uma história que quase o fez deixar o futebol. "Com 17 anos fiz as malas rumo ao meu sonho. Fui para o Villarreal para jogar na I Liga. Mas houve um dia que disse basta! Liguei ao meu pai e disse-lhe que o sonho tinha acabado. E ele respondeu-me: 'Se chegaste até aqui, não vai ser agora que vamos desistir.' Foi a partir desse dia que mudei de mentalidade. Este é o discurso de alguém que estudou, que sempre procurou fazer tudo bem e direito, com os meus valores. É um orgulho imenso ser o melhor jogador do mundo", sublinhou.

À partida tudo indicava que seria o brasileiro Vinícius Júnior a vencer a Bola de Ouro, mas a meio da tarde surgiu a notícia de que o Real Madrid iria boicotar a cerimónia e nenhum dos seus jogadores nomeados iria marcar presença, alegando que não concordava com os critérios que "não designam Vinícius como vencedor", acrescentando que, afinal, os critérios adotados "deveriam designar Carvajal como vencedor".

Assim sendo, os atuais detentores da Liga dos Campeões garantiram em comunicado que, não sendo assim, só podiam tirar uma conclusão: “É óbvio que a Bola de Ouro da UEFA não respeita o Real Madrid.” Ainda assim, os merengues não ficaram de mãos a abanar, pois foram eleitos como melhor equipa do ano... troféu que ficou por entregar, tal como a Carlo Ancelotti, que venceu o prémio de melhor treinador.

Vinícius Júnior acabou por ser relegado para a segunda posição, tendo o terceiro e quarto mais votados sido mais dois jogadores do Real Madrid, Jude Bellingham e Dani Carvajal, respetivamente. O top 5 foi fechado pelo norueguês Erlin Haaland (Manchester City). 

Entre os portugueses, Rúben Dias (Manchester City) foi o melhor posicionado, tendo ficado 23.º lugar, a sua melhor classificação de sempre depois de ter sido 26.º em 2021 e 30.º em 2023. Por sua vez, Vitinha (Paris Saint-Germain), estreante entre os 30 finalistas, ficou na 27.ª posição.

Lamine Yamal vence Prémio Kopa

O primeiro prémio da noite, foi no entanto para o avançado espanhol Lamine Yamal, que foi, sem surpresa, vencedor do troféu Raymond Kopa, destinado ao melhor jogador sub-21 da temporada. Com apenas 17 anos, foi uma das grandes estrelas da seleção de Espanha que conquistou o Euro 2024, sendo já a principal figura do Barcelona.

“É um orgulho receber este prémio. Queria agradecer ao meu pai, mãe e avó pela ajuda que me deram sempre, mas também aos meus colegas e treinadores”, disse Lamine Yemal, que sucedeu ao inglês Jude Bellingham (Real Madrid), e foi o mais votado de uma lista de 10 finalistas, no qual se incluía o internacional português João Neves.

O médio que no verão trocou o Benfica pelo PSG foi o sexto mais votado, atrás de Yamal, Arda Güler, Kobbie Mainoo, Savinho e Pau Cubarsí.

Já em relação ao melhor guarda-redes, o prémio Lev Yashin foi para o argentino Emiliano Martínez, que venceu o prémio pelo segundo ano consecutivo.

O guarda-redes do Aston Villa levou a melhor sobre Unai Simón e Andriy Lunin, sendo que Diogo Costa, dono da baliza do FC Porto, foi o oitavo mais votado.

Aitana Bonmatí bisa no feminino

Nos prémios atribuídos ao futebol feminino, a médio espanhola Aitana Bonmatí, principal estrela do Barça, venceu pela segunda vez consecutiva a Bola de Ouro, igualando a companheira de equipa Alexia Putellas, que também tem dois troféus. 

O Barcelona foi considerada a melhor equipa do ano, uma distinção já esperada para as catalãs que conquistaram a Liga dos Campeões pela terceira vez na sua história e a liga espanhola pela quinta vez seguida. 

A prémio de melhor treinadora foi para a inglesa Emma Hayes, enquanto treinadora do Chelsea na época passada, levando a melhor sobre outras cinco finalistas, entre as quais a portuguesa Filipa Patão, do Benfica, que foi a quinta mais votada.

Destaque ainda para a futebolista espanhola Jenni Hermoso, que esteve envolvida no polémico beijo do ex-presidente da federação espanhola Luis Rubiales, a quem foi entregue o prémio Sócrates, pelo trabalho humanitário realizado. 

carlos.nogueira@dn.pt