Helena Terleira é médica, especialista em Medicina Interna, no Hospital de Viana de Castelo. Aos 61 anos, e com 36 de profissão, é o rosto do Movimento Médicos em Luta (MML), surgido no ano passado de forma espontânea, com o intuito de dar mais voz à classe e levar as negociações com o então ministro da Saúde, Manuel Pizarro, a bom porto. Foram muitos os médicos que levaram a sério esta mensagem. Chegou a haver mais de 2500 recusas de horas extras, para além das que são obrigatórias por lei. E os buracos aumentavam nas escalas dos hospitais, sobretudo das Urgências. O próprio diretor executivo da altura também, Fernando Araújo, chegou a afirmar que se nada fosse feito, novembro de 2023, poderia ser “o pior mês do SNS”. Mas, nem mesmo assim, o poder político “fez o que devia”, diz a médica, que hoje e amanhã estará em greve e na manifestação desta tarde, junto ao Ministério da Saúde, em Lisboa.
Marco Aniceto tem 27 anos e é enfermeiro há cinco, no hospital que escolheu, Vila Franca de Xira, e na área pela qual se apaixonou, Urgência. Quando optou pela enfermagem não colocou outra hipótese senão trabalhar no SNS, por se sentir orgulhoso de viver num país em que o Sistema de Saúde “está lá para todos, independentemente da sua situação económica e social, da raça ou etnia. Recebe todos e todos tentamos tratar os que entram por aquela porta da mesma forma. E, olhe, não tenho outra forma de dizer isto. Para mim é lindo, que um país possa fazer isso”. Mas Marco é dos enfermeiros que vai estar em greve os dois dias, precisamente “porque não quero que o SNS deixe de ser para todos, porque as condições de trabalho dos enfermeiros não são as mesmas e alguém tem de lutar por isso”.