Conselho Europeu
28 junho 2024 às 17h31
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Costa: “Presidente do Conselho tem de se saber colocar acima das famílias políticas”

“Uma das grandes qualidades da UE é ser uma união de vários Estados, todos eles Estados de direito e com governos eleitos democraticamente. O presidente do Conselho tem de respeitar todos”, disse Costa, prometendo priorizar “a vontade do Conselho” em detrimento da “vontade individual”.

António Costa prometeu ser “o presidente do Conselho Europeu e de todos os que estão no Conselho”, prometendo procurar consensos. 

“Toda a gente sabe a minha família política. O Presidente do Conselho tem de se saber colocar acima das famílias políticas. É necessário contribuir para que os consensos se formem. É o trabalho que nós temos de fazer. Presidente do Conselho tem de ser o presidente do Conselho de todos os que estão no Conselho”, afirmou esta sexta-feira aos jornalistas após uma reunião com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a primeira-ministra da Estónia e futura alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas.

“Uma das grandes qualidades da União Europeia é ser uma união de vários Estados, todos eles Estados de direito e com governos eleitos democraticamente, fruto da vontade popular. O presidente do Conselho tem de respeitar todos”, acrescentou, prometendo priorizar “a vontade do Conselho” em detrimento da “vontade individual” em matérias como alargamento e imigração.

António Costa desvalorizou ainda o voto contra da primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, com a qual espera contar. “A primeira-ministra de Itália disse publicamente motivos de voto contra. Conselho não é agremiação de tecnocratas, todos têm a sua família política. Compreendo perfeitamente o voto da primeira-ministra de Itália, com a qual conto”, vincou, expressando o desejo de estreitar relações com o Reino Unido. 

Até assumir funções, no início de dezembro, o ex-primeiro-ministro diz que se vai preparar e começar a pensar como vai organizar “gabinete tendo em conta a agenda estratégica e falar com todos os líderes de forma a ver como podemos melhorar os métodos de trabalho”.

“Desejo conseguir que tudo funcione bem. Temos a vantagem de termos aprendido com todas as experiências anteriores. Estive muitos anos no Conselho como ministro da Justiça, ministro da Administração Interna e primeiro-ministro”, recordou. 

O socialista António Costa foi esta quinta-feira eleito pelos chefes de Estado e de Governo da UE como presidente do Conselho Europeu para um mandato de dois anos e meio a partir de 01 dezembro de 2024, foi anunciado em Bruxelas.

A decisão foi adotada numa reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas, na qual os líderes da UE propuseram também o nome de Ursula von der Leyen para um segundo mandato à frente da Comissão Europeia, que depende porém do aval final do Parlamento Europeu, e nomearam a primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, para Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, sujeita à eleição pelos eurodeputados de todo o colégio de comissários.

Após a demissão na sequência de investigações judiciais, o ex-primeiro-ministro português António Costa foi escolhido para suceder ao belga Charles Michel (no cargo desde 2019) na liderança do Conselho Europeu, a instituição da UE que junta os chefes de Governo e de Estado do bloco europeu, numa nomeação feita por maioria qualificada (55% dos 27 Estados-membros, que representem 65% da população total).

António Costa é o primeiro português e o primeiro socialista à frente do Conselho Europeu.