As associações representativas dos oficiais, sargentos e praças das Forças Armadas admitem protestos na rua se o próximo Governo atender às reivindicações das forças de segurança, mas não der "atenção especial" aos militares.
"Alertamos fortemente, mas mesmo fortemente, para o facto de, se depois das eleições, quando forem tratados - e muito bem - os assuntos das forças e serviços de segurança, não houver uma atenção muito especial, eu diria em dobro, para as Forças Armadas, nós equacionamos todas as formas de luta, dentro da legalidade democrática, obviamente, inclusivamente vir para a rua", alertou esta sexta-feira o coronel António Mota, presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA).
Uma posição que já motivou uma reação do almirante Henrique Gouveia e Melo, Chefe do Estado-Maior da Armada, que, em entrevista à Rádio Renascença, considerou que a possibilidade de os militares se manifestarem nas ruas seria "completamente inaceitável" e "contra o próprio regime democrático", argumentando mesmo que "as reivindicações que os militares possam ter são tratadas através do nível hierárquico nos fóruns apropriados que a democracia tem".
Essas manifestações "não devem ser feitas, nem permitidas, porque os militares são o último refúgio da estabilidade do país e, portanto, são inadmissíveis", reforçou Gouveia e Melo, garantindo opor-se "veementemente" a essa eventual posição dos militares portugueses, até porque este tipo de manifestações "criam instabilidade".
Questionado sobre a possibilidade de haver uma radicalização das Forças Armadas, o Chefe do Estado-Maior da Armada optou por ser contido nas declarações: "Isso já não quero comentar. O que lhe quero dizer é que as Forças Armadas são o último esteio da Nação. Como tal, não devem fazer nenhuma ação que comprometa não só a democracia como a estabilidade do país. E, portanto, nós - militares - não devemos ir para a rua. Não faz parte da nossa missão, da nossa ética e da forma como nos devemos comportar em democracia".