A queda de um avião russo abriu ontem uma nova frente na guerra de acusações entre Moscovo e Kiev, com a Rússia a atribuir as culpas ao país vizinho e falar na morte das 74 pessoas que seguiam a bordo, na sua maioria prisioneiros ucranianos, e a Ucrânia a dizer apenas não haver informações fiáveis sobre quem seguia a bordo.
Eram cerca das 8.00 da manhã de ontem (hora de Lisboa) quando um avião russo se despenhou numa zona povoada perto de Belgorod, a poucos quilómetros da fronteira com a Ucrânia. “Todas as pessoas a bordo morreram”, informou o governador de Belgorod, Vyacheslav Gladkov, citado pela agência russa TASS.
As autoridades russas disseram que o avião militar IL-76 transportava 65 soldados ucranianos para uma troca de prisioneiros com a Ucrânia, seis membros da tripulação e três acompanhantes, num total de 74 pessoas. “Mataram os seus próprios soldados no ar, as mães e filhos estavam à espera deles”, declarou o presidente da Duma, Vyacheslav Volodin, acusando a Ucrânia de ter abatido o avião militar.
Informações que foram confirmadas pelo Ministério da Defesa russo, adiantando que a aeronave foi abatida por dois mísseis disparados da região nordeste de Kharkiv, junto à fronteira com a Rússia.
“O regime de Kiev cometeu um ato terrorista ao abater um avião de transporte militar russo que voava do Aeródromo de Chkalovsky para Belgorod para transportar militares ucranianos para uma troca”, afirmou a mesma fonte, acrescentando que os seus radares registaram “o lançamento de dois mísseis ucranianos” a partir de Lyptsi, uma aldeia na região ucraniana de Kharkiv, que faz fronteira com a Rússia.
“A liderança ucraniana estava bem ciente de que, de acordo com a prática estabelecida, os militares ucranianos a serem trocados seriam levados hoje [ontem] por aviões militares para Belgorod”, prosseguiu a mesma fonte, referindo que a troca deveria ter ocorrido ontem à tarde no Posto de Kolotilovka, na fronteira entre a Rússia e a Ucrânia.
Falando a partir da sede das Nações Unidas já ao final da tarde (hora de Lisboa), o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, classificou a queda deste avião como um “atentado terrorista”. “Logo depois de o avião ter sido abatido, o lado ucraniano mencionou mais uma vez a vitória das suas Forças Armadas, mas, quando se soube que se tratava de um avião de troca de prisioneiros de guerra, os propagandistas ucranianos tentaram varrê-lo para debaixo do tapete ”, prosseguiu Lavrov, provavelmente referindo-se às primeiras notícias dos media ucranianos que falavam na queda de um avião russo que transportava mísseis.