Cultura
10 maio 2024 às 07h48
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Israel no lote dos últimos 10 finalistas do Festival Eurovisão da Canção. Milhares protestaram na Suécia

A participação de Israel no concurso europeu da canção, cuja final decorre no sábado na cidade sueca, tem sido contestada dado comportamento de Israel na Faixa de Gaza, em contexto de guerra com o Hamas. 

Israel está entre os dez países que garantiram na noite de quinta-feira a passagem à final do 68.º Festival Eurovisão da Canção, marcada para sábado em Malmö, na Suécia, mantendo-se assim o conflito israelo-palestiniano no concurso.

Quando a representante israelita esteve em palco, durante a segunda semifinal da 68.ª edição do concurso, ouviram-se assobios, nomeadamente na parte inicial da atuação. Já na quarta-feira, nos ensaios, que tal como as semifinais e final são abertos ao público, a representante de Israel, Eden Golan, tinha sido vaiada por alguns dos presentes.

Na quinta-feira à tarde, ainda antes do início da cerimónia, milhares de pessoas percorreram as ruas de Malmö a pedir a expulsão de Israel do Festival Eurovisão da Canção, por causa da ofensiva levada a cabo por aquele país na Faixa de Gaza.

De acordo com a agência espanhola EFE, o protesto, que teve início às 16:00 locais (15:00 em Lisboa), foi convocado pela plataforma Parem Israel, pela paz e por Palestina livre, que agrupa mais de 60 organizações.

Saídos da grande praça de Malmö, os mais de cinco mil manifestantes, entre os quais Greta Thunberg, pelos cálculos da AFP, desfilaram na grande artéria da cidade para peões, com bandeiras palestinianas.

Vários cartazes tinham slogans como "Liberdade para a Palestina", "A UE legitimiza o genocídio" ou "Não se pode lavar o colonialismo".

A participação de Israel no concurso europeu da canção tem sido contestada dado o comportamento de Israel na Faixa de Gaza, em contexto de guerra com o Hamas. 

Vários apelos foram feitos por representantes políticos e artistas europeus à União Europeia de Radiodifusão (EBU, sigla em inglês), para que a participação de Israel no concurso fosse vetada.

Entre os vários apelos, no final de março, representantes de nove países, incluindo Portugal, assinaram uma carta na qual pediam um "cessar-fogo imediato e duradouro" na guerra na Palestina e o regresso de todos os reféns israelitas.

Na carta, os artistas começavam por afirmar que reconhecem "o privilégio de participar na Eurovisão", mas que não se sentem "confortáveis em ficar em silêncio" perante a "situação atual nos Territórios Palestinianos Ocupados, em particular em Gaza e em Israel".

Além da representante de Portugal, assinaram a carta os intérpretes da Irlanda, Noruega, São Marino, Suíça, Reino Unido, Dinamarca, Lituânia e Finlândia.

Na altura, a EBU recordou que o festival é um evento "apolítico". No entanto, em 2022 foi decidida a expulsão da Rússia do concurso na sequência da invasão da Ucrânia.

Entretanto, no domingo, a representante portuguesa, Iolanda, apresentou-se na 'passadeira turquesa' (onde desfilam os representantes de todos os países, marcando assim o início dos espetáculos ao vivo do concurso), em Malmö, com um vestido de uma marca palestiniana e as unhas pintadas com o padrão do 'keffiyeh', um lenço que é símbolo da resistência palestiniana.

Na terça-feira, o conflito foi levado para palco, durante o número de abertura da primeira semifinal, pelo cantor Eric Saade, que representou a Suécia no concurso em 2011 com "Popular". Eric Saade, de ascendência palestiniana, cantou com a mão esquerda envolta num 'keffiyeh'.

Israel foi o primeiro país não europeu a poder participar no concurso de música, em 1973, e ganhou quatro vezes, incluindo com a cantora transgénero Dana International, em 1998.

Os outros finalistas

Na segunda semifinal, competiam 16 canções, pelos últimos dez lugares disponíveis na final.

Além de Israel, conseguiram também um lugar na final: Letónia, Áustria, Países Baixos, Noruega, Grécia, Estónia, Suíça, Geórgia e Arménia.

De fora da final ficaram: Malta, Albânia, República Checa, Dinamarca, São Marino e Bélgica.

Os dez escolhidos na quinta-feira, juntam-se a outros tantos escolhidos na primeira semifinal, que decorreu na terça-feira: Sérvia, Portugal, Eslovénia, Ucrânia, Lituânia, Finlândia, Chipre, Croácia, Irlanda e Luxemburgo.

Na final, marcada para sábado, aos 20 países selecionados nas duas semifinais juntam-se em competição os chamados 'Big Five' (França, Alemanha, Espanha, Reino Unido e Itália) e o país anfitrião.