Diz Ministério da Defesa
14 outubro 2024 às 10h10
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Taiwan em alerta máximo após detetar porta-aviões chinês no sul da ilha

"O porta-aviões chinês Liaoning entrou nas águas perto do Canal Bashi e provavelmente dirige-se para o Pacífico Ocidental", especificou o ministério da Defesa de Taiwan, acrescentando que o exército está "em alerta máximo, pronto para responder se necessário".

 Os militares de Taiwan entraram esta segunda-feira em "alerta máximo" depois de detetarem um porta-aviões chinês no sul da ilha, anunciou o Ministério da Defesa de Taiwan em comunicado.

"O porta-aviões chinês Liaoning entrou nas águas perto do Canal Bashi e provavelmente dirige-se para o Pacífico Ocidental", especificou o ministério, acrescentando que o exército está "em alerta máximo, pronto para responder se necessário".

O líder de Taiwan, William Lai, na quinta-feira, comprometeu-se a "resistir à anexação" da ilha pela República Popular da China, comentários que suscitaram forte reação de Pequim, que afirmou que as provocações do líder taiwanês conduziriam a um desastre para o seu povo.

Nos últimos anos, a China intensificou a sua pressão militar e política sobre Taiwan, sem abandonar a possibilidade de recorrer à força militar para recuperar o controlo sobre o território.

Os Estados Unidos reconhecem Pequim como o único governo legítimo de toda a China desde 1979, rompendo os laços com Taipé, mas continua a ser o aliado mais poderoso de Taiwan e o seu principal fornecedor de armas.

Pequim diz que independência de Taiwan é "incompatível" com a paz

A independência de Taiwan é "incompatível" com a paz, afirmou esta segunda-feira a diplomacia chinesa, numa altura em que o Exército chinês está a realizar exercícios militares de larga escala em torno da ilha.

A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning, disse, em conferência de imprensa, que a China está empenhada na "paz e estabilidade na região", algo que "todos os grandes países podem ver".

"Se os EUA estão interessados na paz entre os dois lados do Estreito de Taiwan, devem respeitar o princípio 'uma só China', não enviar sinais errados às forças pró-independência e deixar de fornecer armamento a Taiwan", acrescentou.

Mao respondeu assim a declarações do Governo dos EUA, que expressou esta segunda-feira a sua "preocupação" com a nova vaga de exercícios militares iniciada pelo Exército chinês, sublinhando que são "injustificados" e podem "escalar" a tensão na região.

Os exercícios, designados Joint Sword-2024B, incluem simulações de bloqueios e controlo de portos importantes, e servem como "advertência" às forças "independentistas" de Taiwan, segundo o ministério da Defesa chinês.

Líder de Taiwan promete "defender a democracia" contra "ameaças externas"

O líder de Taiwan afirmou entretanto que o seu governo "continuará a defender o sistema constitucional de liberdade e democracia de Taiwan" contra "ameaças externas", horas depois de a China ter anunciado exercícios militares em torno da ilha.

"Os exercícios militares lançados pela China têm como objetivo minar o estado de paz e estabilidade na região e continuar a utilizar a coerção militar contra os países vizinhos, o que não está de acordo com as expectativas da comunidade internacional", afirmou William Lai, através da sua conta oficial na rede social Facebook.

"Estamos empenhados em manter a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan e aguardamos com expectativa um diálogo e um intercâmbio igualitário, respeitoso, saudável e ordenado entre os dois lados do estreito. Esta é a nossa atitude constante e imutável", acrescentou.

Lai, considerado um independentista e um agitador pelas autoridades de Pequim, convocou uma reunião sobre segurança nacional em que participaram o seu vice-presidente, Hsiao Bi-khim, o ministro da Defesa, Wellington Koo, e o secretário-geral do Conselho de Segurança Nacional, Joseph Wu, entre outros altos funcionários.

Na mensagem no Facebook, Lai afirmou que o governo de Taiwan segue os movimentos dos militares chineses "em tempo real" e mantém um "conhecimento completo" da situação, sublinhando que o governo irá "prestar atenção ao bem-estar público" e manter a "estabilidade social".

O dirigente reiterou ainda que Taiwan "está disposta a cooperar com a China" para procurar "partilhar a paz e a prosperidade" e "proporcionar bem-estar às pessoas" de ambos os lados do Estreito.

A China reivindica a soberania sobre Taiwan, um território que considera uma "província rebelde" desde que os nacionalistas do Kuomintang se retiraram para lá em 1949, depois de terem perdido a guerra contra o exército comunista.

As manobras envolvem exércitos terrestres, marítimos, aéreos e de mísseis. Pequim também confirmou a utilização do porta-aviões Liaoning.

Nos últimos dias, Taiwan já tinha alertado para o facto de o Liaoning, o mais antigo dos três porta-aviões da China, estar a navegar nas águas em redor da ilha, dirigindo-se para sudeste da ilha de Yonaguni, no extremo sul do Japão.

A ação desta segunda-feira é a quinta vez que a China recorre a este tipo de manobras desde 2022, altura em que levou a cabo a primeira deste calibre em resposta à visita da então Presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan, que enfureceu Pequim e elevou as tensões entre os dois lados do estreito a níveis nunca vistos em décadas.