Estados Unidos
03 julho 2024 às 18h45
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Biden e Kamala Harris reúnem num momento de grande ansiedade no Partido Democrata

Biden tem enfrentado uma crescente pressão para retirar candidatura à reeleição, sobretudo após o constrangedor desemenho no debate com Trump e uma série de sondagens prejudiciais.

Joe Biden deverá reunir esta quarta-feira com a vice-presidente Kamala Harris e um grupo de influentes governadores democratas, numa altura em que aumenta a especulação sobre se o presidente dos Estados Unidos vai retirar a candidatura à reeleição para que a sua vice avance, escreve o Financial Times.

A Casa Branca e a campanha de Biden insistem há vários dias que o presidente vai manter-se na corrida depois de um desempenho constrangedor no debate da semana passada com Donald Trump, o que levantou questões sobre a sua aptidão para liderar os destinos dos Estados Unidos.

Contudo, Biden tem enfrentado uma crescente pressão para desistir da corrida, sobretudo após uma série de sondagens prejudiciais.

O The New York Times noticiou esta quarta-feira que o presidente norte-americano terá reconhecido a um aliado que a sua recandidatura poderá estar em causa se não conseguir convencer o público nos próximos dias de que está preparado para um novo mandato, mas o porta-voz da Casa Branca, Andrew Bates, desmentiu: “absolutamente falso.”

Um dos principais conselheiros de Biden, que também falou com o New York Times sob condição de anonimato para discutir a situação, disse que o chefe de Estado estava "bem ciente do desafio político que enfrenta".

Este é o primeiro indício tornado público de que o Presidente está a considerar se poderá recuperar da sua performance - que se mostrou altamente negativa para a sua campanha - no palco do debate em Atlanta.

Biden tem sido duramente criticado pela sua atuação no debate em que projetou uma imagem envelhecida, com voz rouca e dificuldades para concluir algumas frases, aumentando as dúvidas entre eleitores e membros do Partido Democrata sobre a sua capacidade para derrotar Trump e levar adiante mais quatro anos de Governo.


O Presidente, de 81 anos, reconheceu na terça-feira que "quase adormeceu" durante o debate contra Trump e atribuiu o seu cansaço às viagens que fez poucos dias antes a Itália, para a cimeira do G7, e a França, para o 80.º aniversário do desembarque na Normandia.

Após o desempenho de Biden na semana passada, o foco voltou-se também para a vice-presidente norte-americana, Kamala Harris, uma potencial candidata caso o chefe de Estado se retire da corrida e que tem estado envolvida num ato de equilíbrio político há vários dias.

"A candidata democrata em 2024 deve ser Kamala Harris", defendeu o ex-congressista democrata do Ohio Tim Ryan, num entusiástico artigo de opinião para a revista Newsweek.

Porém, Harris ainda não demonstrou qualquer ambição nesse sentido.

"Joe Biden é o nosso candidato. Vencemos Donald Trump uma vez e vamos vencê-lo novamente", disse a vice-presidente à CBS News na terça-feira, manifestando "orgulho" em fazer campanha ao lado do líder octogenário.

Após o último debate entre Biden e Trump, a democrata de 59 anos saiu imediatamente em defesa do mandatário, admitindo que o Presidente norte-americano foi "lento a começar", mas que "terminou forte".

O calendário oficial do Presidente indica que almoçará esta quarta-feira com Kamala Harris, o que não é frequente, embora fosse um ritual semanal quando ele próprio era vice-presidente de Barack Obama.

Primeira mulher, mas também a primeira negra e asiática a tornar-se vice-presidente dos Estados Unidos, a posição de Kamala Harris coloca-a a um passo do cargo supremo. Mas isso não garante a sua substituição como candidata à Casa Branca caso Biden se retire da campanha.

Com vários cenários em aberto, Harris é um dos nomes da lista de potenciais candidatos, que incluem também o governador da Califórnia, Gavin Newsom, ou a governadora de Michigan, Gretchen Whitmer.