Pede "respeito e gratidão" a adeptos
18 maio 2024 às 14h59
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Rafa Silva: "Espero que Roger Schmidt fique muitos anos no Benfica. Não têm noção da pessoa que está aqui"

O extremo deu uma entrevista à plataforma de conteúdos dos encarnados, na qual deixa elogios ao treinador alemão e deixa alguns recados aos adeptos, nomeadamente quanto à forma como tratam alguns jogadores.

Rafa Silva deu uma entrevista de despedida à BPlay, plataforma de conteúdos do Benfica, na qual aborda vários temas da passagem pelo clube, sendo um deles o treinador Roger Schmidt, a quem faz questão de  fazer os maiores elogios, numa altura em que é muito contestado pelos adeptos.

"O míster Roger Schmidt acaba por ser o mais fácil de falar porque é o nosso treinador. Espero que continue cá muitos anos. Espero que o apreciem como treinador, porque não têm a noção da pessoa que está aqui", disse o extremo de 31 anos, que está em final de contrato com os encarnados.

O extremo foi ainda mais longe na sua análise ao técnico alemão, garantindo que "foi uma das fortes razões" para ter continuado no Benfica há duas épocas "numa altura em que as coisas, na minha cabeça, não estavam a fazer o sentido que faziam". "Foi o míster Roger que teve uma conversa comigo quando cheguei depois das férias. Ele foi uma das razões que me fizeram ficar cá. Sou muito agradecido pelo que ele fez por mim, por ter percebido a pessoa que eu era, por ter sabido lidar comigo e gerir o que sou", revelou, garantindo tratar-se de "um treinador é muito importante também quando sabe lidar com as pessoas" e quando "sabe estar".

"O míster Roger foi muito importante no meu percurso no Benfica nestes dois últimos anos, e conseguiu trazer-nos títulos outra vez, depois de três anos", sublinhou.

Apesar das propostas que recebeu para deixar a Luz, Rafa Silva disse ter "priviligiado" permanecer no clube. "Não porque fui obrigado, não porque alguém queria que eu cá ficasse. Fui eu sempre que decidi, tivesse mais dinheiro, menos dinheiro, foi sempre uma decisão minha ficar cá porque a minha família estava cá, eu estava cá, eu sentia-me feliz. E isso é o mais importante, sentir-me bem num sítio", destacou.

Rafa Silva destacou ainda o presidente do Benfica, Rui Costa, que considera ser um amigo. "O Rui, para mim - é difícil eu dizer Presidente Rui - é um amigo. Foi uma das pessoas que me trouxeram para cá, na altura. Foi um grande jogador, sabe bem o que é que nós sentimos, sabe bem o que nós passámos", assumiu.

O extremo admite ter uma forma muito própria de estar no desporto. "Não sinto que dei muito ao Benfica. O que eu sinto, e vou sempre sentir, é que eu senti o Benfica. Estive cá porque quis, fiquei cá porque decidi, nunca estive obrigado. Passámos situações boas e más, mas sinceramente não guardo mágoa. No Benfica tem de se sentir um bocadinho de respeito e de gratidão, porque nós não somos robôs, não somos máquinas", avisa, num claro recado aos protestos dos adeptos, acrescentando: "Vi muitos colegas e amigos, que deram muito ao Benfica e as pessoas não têm nem noção do sentimento que criam ao fazerem o que fazem."

Questionado sobre a razão pela qual recusou bater o penálti no jogo com o Arouca, Rafa Silva explicou que "a maior parte das pessoas sabia que era o último jogo", mas que lhe "interessava era ganhar". "Foi o que fiz sempre que joguei pelo Benfica. Quando não pude estar lá dentro, o objetivo era sempre ganhar, nunca era o que A, B ou C faziam. O individual não conta para nada. Eu nunca bati penáltis, não tinha por que começar agora. Não fazia sentido para mim", referiu, garantindo ainda ter recusado uma homenagem: "Nenhum jogador joga para homenagens ou para se evidenciar. Eu nunca quis câmaras, prémios, nada disso. O meu interesse sempre foi que as pessoas gostassem de mim como homem, pelo meu caráter, pelo que eu sou, não pelo Rafa jogador. Uns gostam, outros não, isso faz parte da vida, mas… homenagens não são para mim."

Rafa Silva analisou ainda cada um dos treinadores com que trabalhou no Benfica.

Rui Vitória: "Acho que não nos conectámos muito bem. É verdade, não há como fugir. Não tenho nada de mal a dizer. Eu não o entendi bem e ele se calhar não me entendeu bem a mim, mas fez um trabalho muito bom no Benfica, e foi o treinador que me trouxe para cá."

Bruno Lage: "Foi uma pessoa que, quando estava tudo um bocadinho escuro, nos trouxe um bocadinho de vida. E quando digo 'um bocadinho', não é um bocadinho, a relativizar, porque foi mesmo uma pessoa muito importante no Benfica. Não foi devidamente apreciado. Devia ter sido muito mais apreciado, e para mim foi um treinador muito importante. Aprendi muito com ele e trouxe muito boa vida aqui ao Benfica e ao nosso balneário."

Nélson Veríssimo: "Acabou por ficar connosco na altura em que o míster Bruno saiu. As duas vezes em que ele esteve connosco, não foram fáceis porque não foi programado por ele. Foi sempre muito honesto comigo, com quem eu ainda tenho relação e de quem eu gosto muito."

Jorge Jesus: "É uma das pessoas de quem gosto mais. Ele pode não saber disto. Acho que a honestidade é uma coisa muito importante na nossa vida. É uma pessoa muito frontal, não tem filtros. Por isso, identifico-me muito com ele. Foi um treinador com quem aprendi mesmo muito, que nos ensinou muito e que eu gostava tivesse saído daqui numa época em que tivéssemos ganho um título."