Basta chegar à entrada da Lionesa Business Hub, em Leça do Balio, para poder apreciar o maior mural de arte urbana do norte do país. Já dentro do espaço que alberga mais de 120 empresas e onde trabalham mais de sete mil pessoas, a galeria de arte ao ar livre captura o olhar. O objetivo é democratizar o acesso à arte e à cultura e, como sublinha António Pinto, “fazer disparar os índices de felicidade e de bem-estar entre quem aqui trabalha, através da bela tela artística que é o nosso campus”. O chief marketing officer (CMO) da Lionesa cita alguns estudos que o comprovam, mas tal nem seria necessário quando os níveis de satisfação, revelados semanalmente pela plataforma Heart Count, são tão elevados (96% recomendam o campus para trabalhar, e 87% dos que gostariam de mudar de emprego preferem manter-se na Lionesa). “Esta é uma das poucas plataformas no mundo que faz a medição da satisfação, e que transforma a felicidade em KPI [Key Performance Indicators]”.
O questionário a que os colaboradores das várias empresas respondem a cada semana são concebidos por um grupo de psicólogos, e incluem três perguntas de avaliação de 0 a 10. Desta forma, explica António Pinto, “conseguimos perceber em tempo real se aquilo que estamos a fazer está a aumentar a felicidade, se está a estagnar ou se está a diminuir, o que permite também uma ação em tempo real”.
O tema da felicidade organizacional ou da sustentabilidade humana, denominação mais recentemente adotada na Lionesa, começou a ser trabalhado em 2019 quando a equipa que gere o espaço procurava formas consistentes e eficazes de oferecer valor acrescentado às empresas instaladas. “Decidimos criar um departamento da felicidade internamente para trabalhar temáticas como o stress, o burnout, e o bem-estar pessoal e profissional para todo o campo”, conta o responsável porque, acrescenta, “felicidade não são mesas de ping-pong e almoços grátis”.
Com muito trabalho e investigação de boas práticas nacionais e internacionais, foi criada a Pirâmide da Felicidade, modelo que venceu o prémio de melhor projeto de sustentabilidade humana em 2023 pela Deloitte, e que inclui um conjunto de políticas que trabalham a felicidade nas suas diversas vertentes. “Vai desde as infraestruturas do espaço até às relações interpessoais”, reforça António Pinto. Em jeito de exemplo, o CMO explica que, a certa altura, perceberam que 85% das empresas na Lionesa quer contratar talento jovem, recém-licenciados e que não teve ainda contacto com o mundo empresarial. No entanto, entre esta faixa etária “verificou-se que os índices de stress e de ansiedade disparavam quando transitavam de um ambiente académico para um ambiente profissional”. Transformar o espaço, replicando um campus universitário, acabou por ter o efeito inverso e por fazer crescer os índices de bem-estar”, revela.