Política
24 outubro 2024 às 08h38
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Pedro Nuno considera polémica com Rangel "caso de Estado" que deve ser clarificado

Em causa estão notícias sobre um incidente, alegadamente ocorrido no aeródromo militar de Figo Maduro, no qual ministro dos Negócios Estrangeiros terá dirigido gritos e ofensas ao chefe do Estado-Maior da Força Aérea.

O secretário-geral do PS considerou que a polémica envolvendo o ministro dos Negócios Estrangeiros e as chefias militares é um "caso de Estado", salientando que "tem de ser clarificado o quanto antes" para preservar as instituições.

Numa entrevista à RTP3, na quarta-feira à noite, Pedro Nuno Santos abordou as alegadas ofensas dirigidas, pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, ao chefe de Estado-Maior da Força Aérea e outros militares no aeroporto de Figo Maduro, à chegada de um voo de repatriamento de portugueses do Líbano.

O secretário-geral do PS referiu que "as relações entre o poder político e o poder militar estão bem definidas" no quadro constitucional português, salientando que "é muito importante" que os dois poderes se respeitem mutuamente.

"Nós não sabemos o que aconteceu e este silêncio do Governo preocupa-nos ainda mais, porque está a alimentar um tabu que tem de ser clarificado o quanto antes", salientou, referindo que tanto o primeiro-ministro como o ministro da Defesa Nacional não quiseram até agora comentar o sucedido.

Sublinhando que percebe a "atitude de recato" das chefias militares - que, até agora, ainda não se pronunciaram sobre o sucedido -, Pedro Nuno Santos frisou contudo que o ex-Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas António Silva Ribeiro escreveu um artigo no semanário Expresso em que acusa Rangel de ter desrespeitado militares.

O secretário-geral do PS salientou que se está a falar do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, "do número dois do Governo", e defendeu que "é muito importante" perceber quem é que "está com a tutela de uma das pastas mais importantes e mais delicadas do Governo".

"O que se espera é que quem tem responsabilidades governativas em Portugal diga o que é que aconteceu e porquê é que aconteceu para nós podermos fazer a nossa avaliação sobre quem temos à frente do Ministério dos Negócios Estrangeiros a representar Portugal no mundo", afirmou.

"É muito importante", para a preservação das instituições e para a relação entre o poder político e militar, "que haja transparência naquilo que aconteceu", acrescentou.

Numa alusão aos casos que marcaram o último Governo de António Costa, entre 2022 e 2024, Pedro Nuno Santos disse que alguns "não tinham a dimensão que tem este, ou que aparentemente pode ter" e, em contrapartida, eram alvo de "uma crítica pública muito intensa".

"Isto, sim, é um caso sério. É um caso de Estado", afirmou.

Montenegro mantém total confiança no ministro

Antes, durante a tarde, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, manifestou "total confiança" no ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e lamentou que esteja ser criado "um caso" em torno de "imprecisões em notícias".

"Se há aqui alguém que quer abanar o Governo e abanar a presença do ministro Paulo Rangel no Governo, vá treinando porque tem muito que fazer", disse Luís Montenegro aos jornalistas, em Faro, depois de lhe terem perguntado se mantém a confiança no ministro.

"O ministro Paulo Rangel não tem a confiança [do primeiro-ministro], tem a total confiança", sublinhou o líder do Governo, que destacou desconhecer qualquer queixa de uma patente militar em relação ao titular da pasta dos Negócios Estrangeiros.