Pedro Nuno Santos disparou esta quinta-feira contra todo o Governo, desde o primeiro-ministro aos ministros da Educação e das Infraestruturas, em declarações à margem do jantar do grupo parlamentar do PS na Assembleia da República.
Numa espécie de resposta ao discurso da véspera de Luís Montenegro, o líder socialista diz que “o primeiro-ministro se esquece que teve só 29% dos votos”. “O parlamento representa o povo português, legisla e apresenta projetos de lei. Quando o PS apresenta iniciativas legislativas, quer que essas iniciativas sejam aprovadas. O primeiro-ministro tem uma relação distante com o parlamento e pelos vistos também com o Presidente da República. O primeiro-ministro tem de perceber o que é uma democracia parlamentar. Não há partido em Portugal mais distante do Chega do que o PS. Qual foi a medida em que o PS se apropriou da agenda da extrema direita? Nenhuma delas. Aumento das pensões, fim das portagens do interior. Mas o governo tem-se apropriado da agenda da extrema direita. O Governo tem trabalhado o tema da segurança e da saúde só para disputar território eleitoral com o Chega”, afirmou Pedro Nuno Santos, um dia depois de Montenegro ter falado numa “aliança estratégica” entre PS e Chega.
Sobre a crise política na Madeira, o líder da oposição disse que “o que o PS Madeira fez foi aprovar uma moção de censura para fazer cair um governo com o qual sempre esteve contra”. “Como é que existe hoje governo da Madeira? Com o apoio do Chega. Já tinha sido assim nos Açores”, lembrou.
“Além de um governo que governa para uma minoria, temos um governo profundamente incompetente, que não tem resolvido os problemas do SNS, apesar de essa ter sido uma das suas bandeiras eleitorais. Governámos, sabemos quais os problemas da saúde e fomos cautelosos, enquanto o primeiro-ministro prometeu no Pontal que todos os doentes oncológicos seriam atendidos dentro do tempo estipulado. Mas o Governo não resolveu nenhum problema estrutural”, prosseguiu Pedro Nuno.
“O ministro da Educação [Fernando Alexandre] é o pior do Governo. São incompetentes e manipulam os dados para esconder o insucesso da sua governação. Este ministro inflacionou os números do ano passado para apresentar uma redução grande. Depois usou o Expresso para fazer propaganda falsa”, atacou o líder socialista.
“O ministro das Infraestruturas [Miguel Pinto Luz] não queria abandonar a solução Montijo e achava que podia ampliar aeroporto Humberto Delgado sem declaração de impacto ambiental. Também disse que o novo aeroporto não teria custo para os contribuintes, mas o Governo já admitiu impacto no Orçamento de Estado. É um Governo incompetente”, acrescentou.
Pedro Nuno Santos reconheceu que o próximo ano será “muito importante”, porque será ano de eleições autárquicas e as presidenciais serão no início do ano seguinte, mas prometeu foco no “trabalho parlamentar” e na apresentação de propostas”. “É assim que se deve fazer em política. Vamos lutar contra a degradação do Estado social. O primeiro-ministro teve ontem um discurso a atacar o partido que teve a amabilidade de lhe fazer passar o Orçamento de Estado”, recordou.