Tirando o ano de 2020, o primeiro da pandemia marcado pelo choque sem precedentes das medidas de confinamento que obrigaram negócios a fechar portas e até a falir, o número de desempregados registados nos Centros de Emprego teve, no primeiro semestre deste ano, o maior aumento em mais de uma década, desde o tempo da troika (meados de 2013), indicam contas do DN/Dinheiro Vivo a partir de dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP).
Ao longo do segundo semestre do ano passado, e sobretudo após a Jornada Mundial da Juventude, no início de agosto, o desemprego total registado (o stock, a situação no final do mês) começou a ganhar corpo mês após mês e terminou o ano passado com uma subida mensal superior a 17,3 mil casos (só em dezembro).
Atualmente, o país ainda está a recuperar dessa fase, mas não o suficiente, porque quando se compara com o período homólogo (primeiro semestre de 2023, quando a economia estava mais dinâmica em termos de emprego e o desemprego a cair), o ritmo do desemprego registado continua a ganhar força em termos homólogos - a melhor medida para expurgar efeitos de sazonalidade.
No final do primeiro semestre deste ano, o número de pessoas dadas oficialmente como desempregadas nos centros do IEFP subiu quase 10% face ao mesmo semestre do ano passado. Estavam sem trabalho 304.946 pessoas. Mais do que em maio, quando a subida foi de 8,5%. E muito mais do que há um ano, no primeiro semestre de 2023, quando o stock caiu quase 2%.
Nos 12 meses que terminaram no final de junho passado, os centros do IEFP tinham mais 27 mil inscritos, pessoas sem trabalho e que procuram emprego.
Em termos absolutos, o maior contributo para o aumento do desemprego acontece no norte (mais 12,2 mil sem emprego), sendo verdade que também é a região do país com mais pessoas inscritas, o que ajuda a explicar o tamanho da subida em causa.
Logo a seguir, o maior impulso vem da Região de Lisboa e Vale do Tejo, onde o contingente de desempregados é hoje maior em cerca de 10,7 mil. Em todo o caso, os dados do IEFP mostram que o desemprego está a aumentar em todas as regiões do continente. Pelo contrário, nas ilhas dos Açores e da Madeira cai.