As eleições na Turíngia e na Saxónia realizam-se apenas uma semana depois de três pessoas terem sido esfaqueadas até à morte na cidade ocidental de Solingen, sendo o suspeito um requerente de asilo sírio, num ataque reclamado pelo Estado Islâmico, que chocou a Alemanha e alimentou um debate sobre a imigração. Segundo as sondagens, o partido de extrema-direita e anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD) vai ser o mais votado na Turíngia, com cerca de 30%, enquanto na Saxónia disputa o primeiro lugar com os democratas-cristãos da CDU.
É improvável que a AfD chegue ao poder em qualquer um dos estados, mesmo que ganhe, uma vez que os outros partidos excluíram a possibilidade de colaborar para formar uma maioria. Mas o resultado seria uma humilhante derrota para os sociais-democratas de Olaf Scholz e para os outros partidos da coligação governamental: os Verdes e o liberal FDP, que se preparam para as Eleições Nacionais do próximo ano. Em ambas as regiões, o SPD de Scholz regista cerca de 6% das intenções de voto.
Uma terceira região da antiga Alemanha de Leste, Brandemburgo, também deverá realizar eleições no final de setembro, com a AfD no topo das sondagens.
A situação em cada estado é ligeiramente diferente, mas “em qualquer caso, é claro que a AfD vai reunir um número muito forte de votos”, disse à AFP Marianne Kneuer, professora de Política na Universidade de Tecnologia de Dresden (TU Dresden). A AfD é especialmente forte na antiga Alemanha de Leste comunista, em parte “porque tem um núcleo de eleitores que se identificam com as suas posições nacionalistas e autoritárias”, segundo Kneuer.
Na relativamente próspera cidade de Zwickau, a incerteza económica e uma história turbulenta conjugaram-se para impulsionar o apoio à extrema-direita antes de umas Eleições Regionais importantes. “As pessoas têm medo de perder tudo o que construíram ao longo dos anos”, disse a presidente da Câmara, Constance Arndt, eleita numa lista independente. Para compreender por que é que “o ambiente é tão mau” antes das eleições no estado da Saxónia, é preciso “talvez mergulhar no passado”, sugeriu. Os habitantes de Zwickau “atingiram um certo nível de prosperidade”, depois de um período de doloroso declínio após a reunificação alemã em 1990, disse. A cidade deve o seu renascimento, em parte, ao seu estatuto de centro de produção automóvel, sendo a Volkswagen um dos principais empregadores da região. Mas as crises recentes, desde a pandemia à guerra na Ucrânia e à inflação elevada, desencadearam um renovado “medo de perder”, disse Arndt, de 47 anos. Como resultado, alguns vão votar na AfD “como forma de protesto”, acrescentou a autarca da cidade de cerca de 90 mil habitantes.