Afonso Ferreira, 14 anos, aluno da Escola Secundária Viriato, em Viseu, fez provas de aferição de 8.º ano em 2023 e a experiência não correu bem. Foi de tal forma “traumatizante” que decidiu arregaçar as mangas e tentar mudar o sistema, criando a petição Pelo fim das provas e exames em formato digital, que conta com mais de 3700 assinaturas. “A minha experiência pessoal foi péssima porque os computadores travavam constantemente e a internet falhava. Havendo também um grande nervosismo, quer por parte dos professores que vigiavam, como também por parte dos alunos. Houve alguns problemas ao nível da própria aplicação, que muitas vezes falhava ou não se conseguia entrar, porque dava erro”, recorda.
O adolescente considera a experiência “traumatizante”, para ele e “para os colegas que as realizaram”.
A preocupação do jovem é, este ano, muito maior, pois os exames de 9.º ano contam para nota e serão realizados, pela primeira vez, em formato digital. A apreensão, frisa, é legítima tendo em conta que “as escolas ainda não estão com condições para a realização das mesmas”. “Mas há outros problemas porque, a partir do momento em que se realizam os exames em computador, o que vai acabar por acontecer é que vão ser criadas mais desigualdades. Por exemplo, no Litoral do nosso país, o acesso à internet é muito melhor do que na zona Centro”, explica.
Afonso Ferreira quer fazer os exames em papel por ser “mais justo”, não havendo lugar a “erros alheios a quem realiza a prova”. “O papel não se desliga, não fica sem bateria, não precisa de internet”, justifica, sublinhando as vantagens do regresso aos exames em suporte de papel.
Professores e colegas do jovem estão, conta, “bastante surpreendidos pela grande proporção que a petição está a tomar”. “Alguns colegas, no início, diziam que não iria passar das cem assinaturas. Atualmente, já conta com 3770 assinaturas. Muitos professores da minha escola também me parabenizaram pela minha iniciativa”, relata.