O INEM tem neste momento 724 técnicos, faltam-lhe 762 para atingir o número ideal (1486), embora este tenha sido definido há mais de uma década e em função das necessidades da população da altura, assumem os próprios técnicos de emergência. Ou seja, para as necessidades de hoje “seria preciso juntarmos a este número, pelo menos, mais 350 técnicos”, defendem. O que quer dizer que, para o INEM funcionar adequadamente, seriam precisos 1112 novos técnicos.
A questão é que a formação é dada pelo INEM que, nesta fase, e com a escassez de recursos, só tem “capacidade para formar cerca de 200 pessoas por ano”, assumem o vice-presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), Rui Cruz, e o presidente da Associação Nacional dos Técnicos de Emergência Médica (ANTEM), Paulo Paço.
A este ritmo, e feitas as contas, seriam precisos, pelo menos, cinco anos até se alcançar esse número. Por isso mesmo, as estruturas representantes dos técnicos já pediram à ministra da Saúde que acelere o processo da formação, propondo mesmo que esta passe para as escolas médicas ou para os institutos Politécnicos espalhados pelo país. Rui Cruz justifica a proposta: “Os técnicos que estão a dar formação são necessários no atendimento do CODU (Centro de Orientação de Doentes Urgentes) ou no terreno a socorrer pessoas”. Paulo Paço assume que a reivindicação é antiga, concordando que “a formação pode ser feita pela academia, embora sempre com a supervisão do INEM”.
Na Comissão Parlamentar da Saúde de ontem - que deveria ter debatido o OE2025, mas que foi marcada pela crise no INEM, fazendo com que a ministra, acompanhada pelas duas secretárias de Estado, tivesse de responder às perguntas dos deputados durante quase seis horas -, Ana Paula Martins admitiu que o conjunto de técnicos do INEM poderá evoluir para “um corpo de profissionais mais diferenciado, como os paramédicos”.
Mas, para isso, o próprio estatuto do INEM tem de ser alterado, para “passar a ser um instituto mais regulador do que formador ou prestador”.
Porém, para os técnicos que a ouviram é “urgente que se resolva esta questão a par da das grelhas salariais”, sustentou Rui Cruz. “O STEPH propôs à tutela, assim que esta tomou posse, que a formação fosse dada pelas escolas médicas e se, fosse necessário para acelerar uma solução, envolver também os institutos politécnicos, disseminados pelo país”, sublinhando ainda que o sindicato até sabe que há bom “acolhimento da parte da academia e até da Ordem dos Médicos para esta solução”.
O vice-presidente desta estrutura é muito claro: “Se conseguirmos implementar um sistema que forme mais rapidamente os técnicos necessários, teremos garantidamente recursos humanos frescos na rua bem mais rápido do que aquilo que temos atualmente. E a emergência médica estaria a ganhar eficácia.”
Recorde-se que em agosto deste ano, o INEM abriu concurso para formar cerca de 200 candidatos, mas se abrir “mais 200 vagas em janeiro, como foi dito pelo presidente do INEM, na semana passada, não terá capacidade para formar 400 pessoas em simultâneo”, esclarece Paulo Paço. “Mesmo a formação das 200 pessoas que entraram em agosto vai ser feita em módulos separados, sendo estas divididas em dois grupos de 100 elementos, primeiro fazem uns um módulo, depois fazem os outros. Se tivermos em conta que o curso tem 910 horas e se estas forem dadas todas ininterruptamente, seriam precisos seis meses. E depois há a parte prática”.
Aliás, destaca, “por aquilo que temos visto, provavelmente, os formandos selecionados em agosto, assim que tiverem o módulo de atendimento no CODU, passarão a fazê-lo”.