Guerra
12 abril 2024 às 23h10
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EUA aproximam porta-aviões de Israel em alerta para ataque do Irão

Washington está a “mobilizar ativos adicionais”, considerando “real e credível” a ameaça iraniana. Portugal, como outros países, atualizou os alertas aos viajantes para a região.

Os EUA anunciaram esta sexta-feira que estão a “mobilizar ativos adicionais” para o Médio Oriente para “reforçar os esforços de dissuasão e aumentar a proteção das forças norte-americanas”. O anúncio, feito por um responsável de Defesa em Washington citado pela AFP, surge numa altura em que a Casa Branca considera “real e credível” a ameaça do Irão de atacar Israel em represália pelo ataque ao consulado iraniano em Damasco, no início do mês.

Segundo o The Times of Israel, o porta-aviões USS Dwight Eisenhower terá navegado para norte no Mar Vermelho, aproximando-se de Israel, tendo capacidade para intercetar eventuais mísseis ou drones iranianos. O porta-aviões foi enviado para o Mediterrâneo após o ataque terrorista do Hamas, a 7 de outubro, tendo em novembro cruzado o canal do Suez, para o Mar Vermelho. Esteve ativo na resposta aos ataques dos rebeldes Houthis, do Iémen, contra os navios comerciais.

Não é claro se a “mobilização de ativos adicionais” anunciada a partir de Washington se refere ao eventual reposicionamento do USS Dwight Eisenhower. Mas a região está em alerta para a retaliação iraniana ao ataque contra a sua embaixada em Damasco, que matou dois generais. Na quinta-feira à noite, o Wall Street Journal dizia que o ataque poderia acontecer em 24 ou 48 horas. Contudo, o mesmo jornal citava outra fonte que dizia que a liderança iraniana ainda não tinha tomado uma “decisão final”.

Israel diz-se preparado. “Estamos em guerra há seis meses e lidámos com todas as ameaças existentes. A nossa defesa está pronta e sabe como responder a cada ameaça individual. Estamos também preparados para atacar, com uma variedade de capacidades, para proteger os cidadãos de Israel”, disse esta sexta-feira o porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), Daniel Hagari. “O Irão está a escalar, a pressionar por uma escalada regional. Saberemos como lidar com a ameaça iraniana. Estamos bem preparados e saberemos responder a qualquer coisa.”

O ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, afirmou que Israel está “lado a lado” com os EUA depois de se ter reunido com o chefe do Comando Central dos EUA, o general Michael Kurilla.

Alertas aos viajantes

A embaixada dos EUA em Israel emitiu um alerta de segurança aos seus cidadãos. Por uma “abundância de precaução”, proíbe os funcionários da Administração norte-americana e os familiares de fazer “viagens pessoais para fora das zonas metropolitanas de Telavive, Jerusalém e Be’er Sheva até aviso em contrário”. Outros países, como Canadá, Reino Unido e Austrália também desaconselham viagens à região, com a França a ordenar o regresso dos seus diplomatas do Irão.

Em Portugal, também o site dos Conselhos aos Viajantes foi esta sexta-feira atualizado, com fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros a dizer ao DN que a “reavaliação é constante”. No caso de Israel e dos Territórios Palestinianos Ocupados, “considerando o estado de guerra desde 7 de outubro e as ameaças recentes a Israel, e tendo em conta os riscos de evolução do conflito, devem continuar a evitar-se todas as viagens não essenciais a Israel”. Pede-se ainda aos cidadãos portugueses que sigam as indicações das autoridades locais e alerta-se para os “riscos de atentados terroristas”.

No caso do Irão, lê-se que “considerando o contexto interno em que o país se encontra e a crescente tensão regional com risco de rápida escalada do perigo securitário, desaconselham-se em absoluto todas e quaisquer viagens”. Também a página do Líbano foi atualizada, sendo que neste caso, “todas as viagens (...) devem ser evitadas”, especialmente “quaisquer deslocações a sul do rio Litani”.

Bombardeamentos

A ameaça iraniana não afeta a guerra na Faixa de Gaza, onde continuam os bombardeamentos israelitas - o Hamas anunciou ataques a prédios residenciais no campo de refugiados de Nuseirat. EUA, Qatar e Egito ainda esperam uma resposta a um plano de trégua e libertação de reféns.

Israel continua entretanto as trocas de tiros quase diárias com o Hezbollah, na fronteira com o Líbano. Esta sexta-feira, cerca de 40 rockets terão sido lançados por parte da milícia xiita libanesa, tendo a maioria sido intercetados. Os que não foram, não causaram feridos.

susana.f.salvador@dn.pt