Estados Unidos
06 agosto 2024 às 14h17
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Kamala Harris escolhe Tim Walz como candidato democrata a vice-presidente

"É ótimo tê-lo na equipa", anunciou a candidata à Casa Branca na rede social X

O governador do estado norte-americano do Minnesota, Tim Walz, é o candidato do Partido Democrata a vice-presidente escolhido por Kamala Harris.

A notícia foi avançada pela agência de notícias AP, citando três fontes próximas da candidatura, e também pela cadeia televisiva CNN, entre outros meios, e entretanto já confirmada pela própria candidata democrata à Presidência, Kamala Harris.

"Como governador, treinador, professor e veterano, ele tem defendido as famílias trabalhadoras como a sua. É ótimo tê-lo na equipa", disse Harris na rede social X.

O novo candidato a vice-Presidente reagiu pouco depois de Kamala confirmar a notícia da sua escolha, que havia sido avançada por alguns media norte-americanos. "É a maior honra em toda a minha vida juntar-me a Kamala Harris nesta campanha", disse Walz.

"Vou dar tudo de mim. A vice-Presidente Harris está a mostrar-nos a política do que é possível. Lembra-me um pouco do primeiro dia de escola", adiantou.

Walz foi professor antes de iniciar a sua vida política que o levou a governador do estado de Minnesota.

Embora não seja muito reconhecido fora das fronteiras do seu estado do Minnesota, este homem de 60 anos distinguiu-se nas últimas semanas pelas suas repetidas farpas contra Donald Trump e contra a sua equipa, que descreve como um grupo de "tipos estranhos".

Nascido no estado do Nebraska, Walz passou muitos anos no mundo do ensino, principalmente como professor de geografia e treinador de futebol americano, que ensinou durante alguns meses na China, logo após os acontecimentos de Tiananmen na primavera de 1989.

Em janeiro de 2019, Tim Walz tornou-se governador do Minnesota, estado da região dos Grandes Lagos, que faz fronteira com o Canadá.

Quase um ano depois, foi obrigado a lidar com duas grandes crises: a pandemia de covid-19 e a morte do afro-americano George Floyd, asfixiado enquanto estava sob custódia policial.

Também logo após a notícia da escolha do governador do Minnesota campanha do candidato republicano à Presidência, Donald Trump, acusou hoje Tim Walz de ser um "perigoso radical de esquerda".

"Desde propor a sua agenda livre de carbono, até sugerir muito restritos padrões de emissão de carros a combustível e abraçar políticas que permitem a condenados votar, Walz está obcecado em difundir a agenda de esquerda da Califórnia", escreveu a campanha republicana, num comunicado, pouco depois de ser noticiada a escolha do número dois democrata.

"Não admira que a liberal de São Francisco Kamala Harris queira o aspirante Tim Walz como seu companheiro de candidatura", argumentou a candidatura de Trump, denunciando que Walz desperdiçou o seu tempo como governador a reformatar o Minnesota à imagem da Califórnia, um estado conotado com as ideias de esquerda.

Venceu a corrida a Shapiro e Kelly

Waltz era um de três políticos democratas nos quais Kamala Harris tinha focado a sua busca por um parceiro de candidatura, sendo os outros o governador da Pensilvânia Josh Shapiro e o senador do Arizona Mark Kelly.

Segundo a AP, Walz será apresentado já hoje num comício na Pensilvânia, iniciando com Kamala Harris um périplo por sete estados-chave das eleições presidenciais norte-americanas, agendadas para 05 de novembro.

O Partido Democrata já nomeou oficialmente Kamala Harris como candidata a suceder a Joe Biden nas eleições presidenciais, onde irá enfrentar o republicano Donald Trump.

Harris, filha de pai jamaicano e de mãe indiana, torna-se assim a primeira mulher negra a ser nomeada como candidata presidencial por um dos dois partidos que têm dominado a política dos Estados Unidos da América (EUA) desde a fundação do país em 1776.

A oficialização da nomeação como candidata democrata aconteceu na segunda-feira à noite, após a divulgação por parte do partido dos votos dos delegados que haviam sido eleitos nas primárias em todos os estados do país.

Após uma votação 'online' que decorreu durante cinco dias e terminou na sexta-feira, Harris obteve quase 4.600 votos que, de acordo com o partido, representam 99% dos delegados participantes.

A opção virtual deste ano deveu-se ao prazo imposto pelo estado do Ohio para colocar o nome do candidato democrata nos boletins de voto, 07 de agosto, sendo que a convenção só vai arrancar a 19 deste mês.

Esta "chamada virtual" já estava prevista para Joe Biden, não se devendo às circunstâncias inéditas da nomeação de Harris, após a desistência do atual Presidente da corrida presidencial.

De acordo com fontes de campanha, Harris estava à espera da oficialização da nomeação para divulgar o nome do candidato a vice-presidente e iniciar um périplo pelos sete estados-chave para as eleições de novembro: Filadélfia (Pensilvânia) e continuará em Eau Claire (Wisconsin), Detroit (Michigan), Durham (Carolina do Norte), Savannah (Geórgia), Phoenix (Arizona) e Las Vegas (Nevada).

Esta maratona de comícios e encontros com eleitores vai focar-se na zona tradicionalmente mais favorável para o Partido Republicano, no centro-oeste e nos estados do sul.

Durante a convenção em Chicago, que decorrerá de 19 a 22 de agosto, haverá uma chamada cerimoniosa para assinalar a nomeação, emulando o estilo festivo de nomeações anteriores.

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, abandonou, em 21 de julho, a sua candidatura a um segundo mandato, passando o testemunho à vice-presidente, depois de ter cedido à pressão de vários membros e doadores do seu partido que lhe pediram a retirada após o seu desastroso desempenho no debate eleitoral com o candidato republicano Donald Trump, em 27 de junho.

Normalmente, o processo de seleção para um candidato a vice-presidente demora vários meses, mas só passaram duas semanas desde que Biden desistiu da corrida e Harris se tornou a provável candidata.

Com o abandono do Presidente dos EUA, Joe Biden, à reeleição e o apoio maioritário do Partido Democrata a Harris, a atual vice-presidente conseguiu reduzir significativamente a vantagem nas sondagens que o republicano Donald Trump tinha na maioria dos estados decisivos.

O anúncio surgiu depois de a campanha ter dito anteriormente que tinha angariado 310 milhões de dólares no mês passado, ultrapassando em muito Donald Trump, cuja campanha e vários comités disseram ter angariado 138,7 milhões de dólares em julho.