15 maio 2016 às 13h52

Na capital mundial dos relâmpagos, caiem 233 raios por quilómetro quadrado

NASA declarou o Lago de Maracaibo, na Venezuela, a capital mundial dos relâmpagos, destronando a cidade de Kabare no Congo

DN

É quase impossível passar uma noite junto do Lago de Maracaibo, na Venezuela, e não ver cair um raio: as tempestades elétricas acontecem, em média, 300 noites por ano, e por cada quilómetro quadrado caem 233 raios. As conclusões são da NASA, que este ano decidiu declarar a região venezuelana como a capital mundial dos relâmpagos. O Lago de Maracaibo destrona assim a cidade congolesa de Kabare, a anterior campeã.

Os investigadores da NASA analisaram milhares de dados, captados por um sensor de raios que a agência espacial norte-americana incorporou no satélite da Tropical Rainfall Measuring Mission, que ao longo de 17 anos forneceu informações sobre as chuvas tropicais. "Foi quase no final da missão que finalmente observámos os pontos quentes dos relâmpagos", disse à BBC o responsável pelo estudo, Richard Blakesle.

Na cidade de Ologá, junto ao Lago de Maracaibo, há mesmo quem exija a experiência turística do relâmpago: a frequência e intensidade das tempestades elétricas são vistas como fenómenos raros, o que tem mesmo contribuído para uma melhoria das condições económicas na região.

O Lago de Maracaibo é o maior da América do Sul e fica próximo das montanhas dos Andes. "O Lago tem uma geografia única e uma climatologia que é ideal para o desenvolvimento de trovoadas", disse em comunicado Dennis Buechler, cientista da Universidade do Alabama que trabalhou com a NASA nesta investigação.

Os relâmpagos formam-se durante as trovoadas quando o ar frio e quente se misturam, criando cargas elétricas positivas e negativas nas nuvens. A nova pesquisa indica que os raios são mais frequentes no período noturno e formam-se menos sobre os oceanos; grande parte dos locais onde as tempestades elétricas acontecem mais vezes estão em zonas de montanha, ou próximos, e têm uma geografia semelhante à do Lago de Maracaibo, o que demonstra a importância da topografia para o desenvolvimento das trovoadas, concluiu o estudo.

Apesar de a capital do relâmpago ser agora na América do Sul, é no continente africano que se formam mais trovoadas, sobretudo junto à cordilheira de Mitumba, na República Democrática do Congo.