Ataxia é uma doença que se caracteriza pela descoordenação motora e dificuldade em manter o equilíbrio, provocada por danos no cerebelo, uma parte do cérebro que tem um papel fundamental na coordenação dos movimentos. E foi o combate a esta a doença que motivou o grupo do Centro Champalimaud, liderado pela investigadora norte-americana Megan Carey, a criar um sistema que permite quantificar e analisar a marcha, descobrindo como é que o cérebro gera movimentos coordenados. Os resultados foram publicados na revista científica eLife.
O locomouse está agora a avaliar ratinhos de laboratório. "Conseguimos detetar o movimento das diferentes partes do corpo do rato - patas, cauda, corpo - quando caminhava e analisámos a trajetória do movimento. Este é um sistema muito detalhado na análise. É como o que acontece quando os corredores terminam uma corrida e fazem fotos de todos os momentos finais e permite ver quem cortou primeiro a meta, aqui conseguimos ver o movimento todo do corpo do rato com detalhe", explica Ana Machado, um dos cinco elementos do grupo constituído por duas norte-americanas e três portugueses de diferentes áreas: biólogos, informáticos e engenheiros.
Com o mecanismo que construíram de raiz, a equipa analisou ratos normais e ratos com a doença da descoordenação. "Estudámos o cerebelo, uma das áreas do cérebro fundamental para a coordenação. Usando o sistema verificámos que os ratos com degeneração desta área não conseguem coordenar o movimento porque não conseguem coordenar as diferentes partes do corpo", diz.
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