"Qualquer governo que tenha maioria parlamentar (como este) pode contar comigo como aliado", disse este domingo ao DN Sampaio da Nóvoa, durante uma visita ao distrito de Leiria. Num terreno tradicionalmente afeto à direita, o candidato presidencial reuniu várias centenas de apoiantes, ao almoço, inaugurou a sede candidatura em Leiria (a da Marinha Grande fora vandalizada na noite anterior), visitou o Hospital de Pombal e terminou o dia na Feira de Artesanato e Gastronomia da Marinha.
Uma sala à pinha, junto à porta 7 do Estádio Municipal, esperava Sampaio da Nóvoa em Leiria, à hora de almoço. Nessa altura já o candidato à Presidência da República regressava do sul do distrito. Começou o dia nas Caldas da Rainha, em contactos de rua, na célebre Praça da Fruta, e mais tarde em Alcobaça, no Largo do Mosteiro.
Quando chegou a Leiria, ao Estádio Magalhães Pessoa, ainda a comissão organizadora se desunhava para conseguir instalar os 470 inscritos para o almoço. Antes dele chegou Maria Miguel, a atleta campeã de futsal, natural da Marinha Grande, várias vezes distinguida por mérito académico e desportivo em Cambridge, onde estudou. E foi ela quem deu o mote aos discursos, caracterizando Sampaio da Nóvoa como "um homem empenhado, um candidato que, por ser independente, pertence a todos nós, para nos devolver a esperança. Porque eu e os outros jovens devemos exigir um futuro neste país, em busca dos sonhos perdidos. Eu quero ficar e quero ser feliz aqui", disse.
Nessa altura já Sampaio da Nóvoa deixara para trás o cumprimento emotivo de Kalidás Barreto, histórico dirigente sindical e deputado à Assembleia Constituinte, natural de Castanheira de Pera, que integra a comissão de honra do distrito de Leiria, presidida pelo advogado Vítor Faria. Na sala estavam várias figuras do PS local e regional, mas também de outros partidos (como o presidente da Câmara de Pedrógão Grande, eleito pelo PSD) e da sociedade civil, que marcaram presença ao lado do mandatário Bilhota Xavier, que Leiria conhece bem por ser diretor do serviço de Pediatria do Centro Hospitalar local.
Perante uma plateia diversa, Sampaio da Nóvoa extremou o retrato: "O que vamos decidir no dia 24 de janeiro é se queremos um presidente da continuidade, que está ligado às forças e ao pensamento que trouxe as políticas de austeridade e de empobrecimento do país, ou se queremos um presidente da mudança, que esteja por um Portugal futuro, de conhecimento e inovação, que não se resigna a ser o que foi durante os últimos quatro anos. Essa é a verdadeira escolha", disse.
Sem nunca referir o nome de Marcelo Rebelo de Sousa, o candidato admitiu, já em Pombal (no final da visita ao hospital local) tratar-se de quem elege como maior adversário: "O meu debate é com esse presidente da continuidade que é Marcelo Rebelo de Sousa. Do ponto de vista político e ideológico é ele que representa toda a continuidade desse pensamento que dominou Portugal nos últimos quatro anos. Eu represento o contrário, um projeto de mudança, unindo gente tão diversa como Ramalho Eanes e Mário Soares, Carvalho da Silva e Jorge Miranda, pessoas que vêm de horizontes muito diferentes mas que se reveem nesta candidatura verdadeiramente independente e não "faz de conta que sou independente'. Todas as outras escolhas são de pormenor, detalhe e feitio".
Já ao almoço Sampaio da Nóvoa alertara para o perigo de "uma escolha errada no dia 24 de janeiro" (data das eleições presidenciais). Mais tarde, disse ao DN que "seria grave para Portugal se as presidenciais fossem uma espécie de desforra das legislativas, e quem perdeu trouxesse uma certa perturbação, num tempo novo do ponto de vista político, marcado por novos compromissos e novos diálogos, por uma coisa que já não nos acontecia há muitas décadas: forças políticas muito diferentes serem capazes de conversar entre si e de responsavelmente assumirem compromissos e obrigações em torno do futuro de Portugal".
E é perentório ao afirmar que "não podemos recuar nisso tudo. Uma má escolha no dia 24 de janeiro pode trazer um retrocesso grave em relação ao que estamos a viver hoje na política em Portugal". Por isso insiste em afirmar que "não podemos recuar nisso tudo. Uma má escolha no dia 24 de janeiro pode trazer um retrocesso grave em relação ao que estamos a viver hoje na política em Portugal".
Mas também Maria de Belém esteve na mira de Sampaio da Nóvoa, no almoço de Leiria, onde o candidato insistiu que "o que os portugueses decidirem vai contar muito para as nossas vidas".
Recuperando o que dissera há alguns meses, "que não adiantava de nada votar de uma certa maneira para as legislativas se depois não votassem de outra para as presidenciais, porque isso poderia trazer um recuo para Portugal", Sampaio da Nóvoa referiu-se também aos candidatos "que esperaram pelo 4 de outubro para se apresentar a eleições e ver de que lado estavam as coisas. Agora têm de ser responsabilizados por isso", concluiu.
Em Pombal, de visita ao Hospital - que desde 2011 integra o Centro Hospitalar de Leiria - Sampaio da Nóvoa reencontrou Hélder Roque (que há dez anos preside ao conselho de administração), antigo companheiro da Académica de Coimbra. Nesses tempos de juventude, o Nóvoa jogava a médio: "é preciso saber marcar o jogo e distribuir as bolas. Só assim se marcam golos e se consegue ganhar". É por isso que acredita nada estar decidido, neste desafio eleitoral.