O candidato presidencial António Sampaio da Nóvoa assinalou ontem, após uma visita ao Instituto Português de Oncologia (IPO), que as instituições públicas "resistiram bem" à crise dos últimos anos mas agora estão perto do limite.
"Percebemos que as instituições públicas resistiram bem a uma situação de grande crise mas temos todos a noção de que estamos no limite dos limites", assinalou o candidato à agência Lusa no final de uma visita ao IPO, em Lisboa, acrescentando que esta resistência se deveu em grande parte à "dedicação dos profissionais" e a uma "gestão mais cuidadosa e mais rigorosa".
Para Nóvoa, "se não houver políticas públicas adequadas", as instituições podem "estar à beira do colapso", sendo necessário "inverter as políticas públicas" de financiamento, sustentabilidade, au- tonomia e valorização dos profissionais.
Os principais problemas que o candidato à Presidência da República identificou ao longo das reuniões que tem tido com diversas instituições foram os cortes no financiamento ou as dificuldades das organizações em adquirir autonomia de gestão, que considerou "trans- versais ao conjunto dos serviços públicos".
"Um elemento central como cultura de serviço público" é, na sua opinião, "a valorização dos profissionais", acrescentando que "muitas vezes as pessoas confundem isso com um certo corporativismo".
Sampaio da Nóvoa assinalou ainda que "é em torno da constituição de equipas motivadas, com possibilidade de terem carreiras dedicadas ao serviço público, que se estruturam estes serviços", com prejuízo de os "profissionais emigrarem para o estrangeiro".
Em relação à visita ao IPO e à reunião que manteve com o conselho de administração deste hospital, Nóvoa afirmou que é "uma instituição onde há uma cultura muito forte de serviço público", tendo considerado que "as questões da saúde são centrais".
Cortes orçamentais
Durante a reunião com o conselho de administração do IPO, o candidato ouviu as principais dificuldades que o hospital atravessou, tendo o presidente deste órgão, Francisco Ramos, salientado o défice de profissionais resultante dos cortes orçamentais dos últimos quatro anos.
O objetivo daqui para a frente, afirmou Francisco Ramos, será "reverter a tendência de diminuição dos recursos humanos", embora neste ano "não seja possível continuar a redução de custos, maioritariamente devido a despesas com medicamentos".
A visita da comitiva do candidato ao Instituto Português de Oncologia foi acompanhada da antiga ministra da Saúde Ana Jorge, tendo manifestado o seu apoio a Sampaio da Nóvoa na corrida a Belém.
"Penso que é uma pessoa de reconhecido perfil de independência, de humanista, de uma pessoa que deu provas enquanto reitor", assinalou a socialista Ana Jorge.
A antiga ministra considerou também que o facto de Sampaio da Nóvoa não estar "ligado a nenhum setor partidário será neste momento, no momento que vive o país, excelente para poder reunir à volta dele diferentes convergências e no fundo tentar defender Portugal, tornando-o mais cidadão, mais próximo das pessoas".