O futuro Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai ter uma equipa curta (sem chegar aos limites máximos da lei), recupera o gabinete do Presidente (que não existia em Belém desde os tempos de Jorge Sampaio), optou por escolher pessoas que não emanam dos partidos, mas da sociedade civil e que, na sua maioria, não são das suas relações pessoais.
Já são conhecidos pelo menos oito "homens do Presidente" e na equipa também há, para já uma mulher. Marcelo Rebelo de Sousa mantém também a tendência da campanha: ele e mais três carros, gastar o menos possível, ser imparcial e escolher sem ter em conta se é de esquerda e de direita.
Fonte próxima de Marcelo explicou ao DN que "o professor neste início quer continuar a ter uma equipa muito pequena. Prefere ir chamando pessoas de acordo com as necessidades, para que não haja gente a mais".
Também uma fonte do gabinete do professor destaca que Marcelo optou por "não fazer escolhas com base no partido, nem sequer do círculo de amizades dele", mas antes pessoas "conforme as necessidades da Presidência e do conhecimento que tinha do trabalho delas".
Como inovação, Marcelo recupera uma estrutura que não havia em Belém desde o primeiro mandato de Jorge Sampaio: o gabinete do Presidente. De acordo com a lei essa estrutura permite ao Chefe de Estado -numa dependência direta, autónoma da casa civil - ter um chefe de gabinete, dois assessores e quatro secretários.
Sampaio tinha acabado com a estrutura por guerras de poderes entre o chefe de gabinete e o chefe da Casa Civil. Agora Marcelo recupera-a, mas não nomeia chefe. Quanto aos assessores já são conhecidos: Mariana Mira Corrêa e Duarte Vaz Pinto. Ambos estiveram ao lado de Marcelo durante toda a campanha, desempenhando funções de assessoria de imprensa no pequeno grupo que o professor se rodeou.
Mariana Corrêa é das pessoas que vão trabalhar com Marcelo que há alguns meses não tinham qualquer ligação. Como a própria conta ao DN "tudo começou com um e-mail, no qual me ofereci como voluntária e enviei o meu currículo". Estava dado o primeiro passo. Pouco depois - após um comício do professor no Porto - conversaram e a assessora de imprensa fez a campanha ao lado do futuro Presidente.
Ao DN, Mariana diz que se sente "muito feliz por fazer parte de um projeto em que acredito", em particular porque "o professor Marcelo acredito ser o homem certo para o lugar certo, no momento certo".
Já Duarte Vaz Pinto conta ao conheceu Marcelo Rebelo de Sousa "nos tempos de liceu", tendo o professor sido seu "mentor durante o período universitário". Sobre o desafio, Duarte Vaz Pinto diz ao DN que é "umahonra enorme servir o meu país e em particular o professor Marcelo Rebelo de Sousa que acredito ser o homem certo para o lugar certo".
Duarte Vaz Pinto é sobrinho de Catarina Vaz Pinto e de António Guterres e ainda de Filipe Soares Franco, daí que considere o "serviço público uma causa familiar".
Quanto à casa civil, esta semana ficou conhecido que Marcelo convidou Pedro Mexia para assessor da área cultural. O escritor, cronista do Expresso e crítico literário foi aluno de Marcelo na Universidade Católica, mas desde então estavam longe de ser amigos ou próximos, embora se encontrassem em eventos públicos algumas vezes e conversassem circunstancialmente. Ao que o DN apurou Mexia não vai deixar o programa Governo Sombra (TSF/TVI24).
Pedro Mexia encaixa no perfil de pessoas escolhidas por Marcelo: que conhecia, mas que não eram amigos, nem próximos. A exceção aí será a pessoa escolhida para assessor jurídico: o colega na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Miguel Nogueira de Brito.
Mesmo o chefe da casa civil, o diplomata Fernando Frutuoso de Melo, já tinha ocupado o mesmo cargo quando Marcelo foi governante nos anos 80, mas não tinha atualmente uma relação próxima e com quem não falava há anos. De tal forma, que Marcelo teve de andar a pedir o número a outras pessoas para conseguir chegar à fala com Frutuoso de Melo.
O mesmo acontece com o assessor diplomático José Augusto Duarte. Marcelo, sabe o DN, apenas tinha estado com o até aqui embaixador de Portugal em Moçambique em duas ou três circunstâncias e escolheu-o pelo currículo e por achar que era a pessoa ideal para fazer a ligação com a Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa.
Para já, da casa civil de Cavaco Silva transita António Araújo, que ocupará com Marcelo o mesmo cargo que tinha até aqui: consultor político. Quanto ao chefe da casa militar, Marcelo informou-se junto de conselheiros sobre a melhor escolha e optou pelo general João Carvalho Cordeiro, oriundo da Força Aérea.
Esta semana foi também conhecido que será um jornalista, Luís Ferreira Lopes, a ser o consultor para a área das empresas e inovação. Falta ainda conhecer o consultor para a área da comunicação.