Podiam ser presidências abertas à Soares, mas vão mesmo ser à Marcelo. Mais afeto, mais eventos, mais contacto com o povo. O "Portugal Próximo" arranca na próxima semana no Alentejo com um ritmo de campanha eleitoral: mais de 400 quilómetros em três dias e dezenas de eventos. E diversos. O Presidente da República vai beber gin alentejano, almoçar com refugiados, andar de comboio e ver uma peça de teatro, na mesma noite em que homenageia Nicolau Breyner.
Três dias, três distritos: Portalegre, Évora e Beja. O "Portugal Próximo" é assim a expressão no terreno da Presidência de afetos que Marcelo Rebelo de Sousa prometeu na campanha eleitoral. Primeira paragem: o Alentejo. Fonte de Belém explicou aos jornalistas que o Presidente elegeu como "prioridade os territórios de baixa densidade" e alertar para "as assimetrias que se mantêm no país".
Ao contrário dos Roteiros de Cavaco Silva - que eram marcadamente temáticos - o que une esta primeira etapa de Marcelo é todos os eventos se realizarem no interior. E nele Marcelo encontra várias temáticas: desde os refugiados ao empreendedorismo.
Mais do que visitas institucionais, a aposta é no contacto com pessoas. Marcelo vai almoçar em Évora com refugiados. Um deles é um arquiteto sírio, que numa das tentativas de chegar à Europa chegou a naufragar e é o único que fala inglês. Será, provavelmente, o interlocutor de Marcelo.
Mas o Presidente quer puxar pelo interior e mostrar um bom exemplo. Mais uma história de vida: António Cuco era professor desempregado quando em 2013 decidiu criar o Sharish Gin - um gin alentejano feito a partir de Reguengos de Monsaraz - e hoje fatura um milhão de euros. "Lentamente destilado no Alentejo". Um gin com tempo, ao contrário de Marcelo, que terá de fazer tudo a correr para cumprir toda a agenda. Já garantido, está um brinde com o Presidente.
Também em Beja voltará a temática do empreendedorismo, com uma visita às plantações de morangos em hidroponia (PaxBerry). E - como se gritou nas Caldas da Rainha - durante a campanha "Marcelo é fixe" e não disse que não a três jovens alentejanos, que o desafiaram para uma entrevista que será exclusivamente divulgado no Youtube.
A economia social, outro ponto no qual Marcelo insistiu na campanha, não será esquecido. Desde logo há uma visita à Santa Casa da Misericórdia de Cabeço de Vide no primeiro dia e também uma visita ao Centro de Paralisia Cerebral de Beja.
A maratona alentejana de Marcelo vai começar num dos seis concelhos PSD nos três distritos visitados: Fronteira. Logo nesse dia, junto ao pelourinho do município, Marcelo fará uma intervenção num púlpito onde vai explicar e lançar o "Portugal Próximo".
O convite para a visita do Presidente a Fronteira foi feito pelo presidente da câmara municipal Rogério Silva, que foi aluno de Marcelo.
Numa prova da diversidade temática, Marcelo vai também visitar a Moura Salúquia uma associação de apoio a vítimas de violência doméstica.
O católico Marcelo fez a primeira visita ao estrangeiro como Presidente da República ao Vaticano e também terá vários momentos com a estrutura da Igreja. Visita a catedral de Portalegre e o seu tesouro, numa ação em que falam o bispo de Portalegre-Castelo Branco, o cónego e um padre.
Homenagem ao amigo Nicolau
A primeira etapa das presidências abertas de Marcelo terá também diversos momentos culturais. Desde visitas a exposições até momentos musicais (de tunas e não só), passando pela leitura da Toada de Portalegre, de José Régio.
Há ainda uma ida ao teatro para ver "A Dama das Camélias", peça encenada por Celso Cleto e protagonizada por Ruy de Carvalho e Sofia Alves.
Antes disso, Marcelo promove uma homenagem ao amigo Nicolau Breyner, que será feita com a presença do presidente da câmara municipal de Serpa e as filhas do ator.
Continua a velocidade Marcelo: com uma agenda preenchida. Ontem recebeu as duas maiores centrais sindicais. À saída, o secretário-geral da CGTP fez um apelo ao governo para que "mais do que fazer diálogo, passe a dar eficácia a esse diálogo. Chegou o momento em quem queremos ver resultados. É preciso parar com a austeridade e mudar de política".
Já a UGT aproveitou para apelar a patrões e governo para que seja revisto o acordo a concertação social, que deve, de acordo com o secretário-geral Carlos Silva, "verter um conjunto de matérias que estão a ser debatidas no Parlamento.