A população de 276 sobreiros F1, plantada no Centro de Experimentação do Baixo Alentejo, situado na Herdade da Abóbada, no concelho de Serpa, distrito de Beja, é "ímpar a nível mundial", porque é "a única" em que os progenitores de cada sobreiro são conhecidos e, adicionalmente, "produtores de cortiça de boa qualidade", explicou hoje o CEBAL.
Segundo o mesmo centro, num comunicado enviado à agência Lusa, a população, criada no âmbito do projeto "GenoSuber - sequenciação do genoma do sobreiro", será "fundamental para o futuro da investigação em sobreiro, a árvore nacional de Portugal".
"É a única população de sobreiros para a qual são conhecidos os progenitores de cada árvore, pormenor de extrema importância quando se pretende estudar a genética de várias características importantes em sobreiro, como os processos envolvidos na formação e na qualidade da cortiça ou de tolerância a fatores adversos", frisa o CEBAL.
A população "vai também facilitar a identificação de marcadores genéticos fundamentais para no futuro serem desenvolvidos sobreiros melhor adaptados às condições ambientais características de Portugal e da região do Mediterrâneo", explica o CEBAL, referindo que "as próximas gerações de investigadores irão beneficiar desta população, mas para que tal seja possível a ajuda de todos será fundamental".
O processo de criação, gestão e manutenção da população "tem exigido, e irá continuar a exigir, disponibilidade financeira para fazer face às despesas necessárias", sublinha o CEBAL.
As primeiras fases do desenvolvimento da população foram suportadas pelo "GenoSuber" e nas seguintes as contribuições de várias instituições e investigadores "foram assegurando a sobrevivência e gestão" dos sobreiros F1 "tão importantes".
A plantação dos sobreiros, no passado mês de março, "exigiu" um investimento de cerca de 18 mil euros, que "não foi possível enquadrar em qualquer projeto", e a gestão futura da plantação "irá ainda envolver gastos que será necessário suportar".
Por isso, o CEBAL lançou a campanha de angariação de fundos e usará os apoios recebidos para garantir a gestão, a manutenção e o "desenvolvimento adequado" da população, refere, explicando que os apoios poderão ser feitos através de um patrocínio institucional ou do apadrinhamento de um dos sobreiros F1.
O CEBAL explica que os sobreiros F1 foram criados, em 2014, através de um processo de polinizações controladas, no qual foram usadas quatro árvores como árvores-mães e cada uma delas foi polinizada com pólen recolhido de 10 sobreiros, distribuídos por várias regiões de Portugal, que funcionaram como pais, sendo um deles o mesmo sobreiro cujo genoma está a ser sequenciado.
As bolotas resultantes do cruzamento foram colhidas e depois germinadas nos Viveiros de Santo Isidro, em Pegões, no concelho do Montijo, distrito de Setúbal, tendo sido obtidos 276 sobreiros com 'pedigree' conhecido, os sobreiros F1.
Os sobreiros mantiveram-se nos viveiros durante os primeiros anos de vida e até serem plantados no Centro de Experimentação do Baixo Alentejo.
Através do 'GenoSuber', uma equipa de cientistas coordenada pelo CEBAL já descodificou a primeira sequência do genoma do sobreiro e, no passado mês de maio, divulgou uma versão preliminar, considerada "uma importante ferramenta para o avanço do conhecimento da genética" da árvore.