A jornalista Judite de Sousa, pivot do Telejornal da RTP aos fins-de-semana, dá acara por uma campanha institucional do Governo para a divulgação da iniciativa Novas Oportunidades. A campanha - composta por quatro filmes e mupis - visa divulgar o programa governativo para dar resposta aos baixos índices de escolarização dos portugueses. E já está nas ruas.
Em regra, os jornalistas têm sido impedidos de participar em campanhas, mas Judite de Sousa obteve neste caso a autorização da Comissão da Carteira Profissional de Jornalista (CCPJ).
"Pedi autorização à Comissão da Carteira e esta deliberou favoravelmente por unanimidade. É uma campanha institucional e não publicitária. Não é uma campanha ao Banco de Investimento, como no caso da Maria João Avillez", esclareceu ao DN Judite de Sousa. Pedro Mourão, o juiz que preside à CCPJ, confirmou ao DN que a antiga directora-adjunta de informação da RTP "pediu antecipadamente um parecer à comissão sobre a sua intenção de participar na campanha".
"Uma vez que a sua participação não era remunerada e que não se tratava de uma campanha de carácter comercial, mas sim de interesse público, a comissão entendeu que não existia qualquer incompatibilidade", adiantou Pedro Mourão. O magistrado explicou que a autorização dada a Judite de Sousa baseou-se no artigo do estatuto que estipula que os jornalistas podem intervir na promoção de actividades de interesse público desde que não remuneradas.
Mas o caso de Judite de Sousa é raro, no que a autorizações da Comissão da Carteira diz respeito. Ainda recentemente, foi aberto um processo de averiguações à jornalista Clara de Sousa (SIC) por esta ter permitido que uma foto sua fosse exposta no cabeleireiro Moreno. O caso viria a ser arquivado porque a jornalista disse não ter sido remunerada e mandou retirar a foto. E também a jornalista Maria João Avillez chegou a ser censurada pela comissão devido à sua participação numa campanha do Banco de Investimento.