A Brandia Novodesign, a agência publicitária que em 2001 prestou serviços ao PSD, que vieram a ser pagos pela Somague, está envolvida nas irregularidades financeiras que envolvem a Associação de Desenvolvimento do Turismo da Região Centro (ADTRC), na altura presidida pelo deputado social-democrata Paulo Pereira Coelho.
A campanha de promoção do Euro 2004 Surrender to Lusitanea, que a ADTRC candidatou a fundos comunitários geridos pelo Programa Operacional do Centro (POC), foi realizada pela Brandia que, inicialmente, apresentou um orçamento de quase dois milhões de euros pela sua concepção.
Por razões que se desconhecem, pois não ficaram em acta, a Brandia aceitou criar a marca que deveria projectar o Centro do País no estrangeiro por 267 mil euros (sete vezes menos) .
Este foi um dos aspectos que mais perplexidade causou à equipa de auditores independentes da CCDR-C que, no final de 2006, inspeccionou as contas do POC, concluindo que a ADTRC terá de devolver quase dois milhões de euros por utilização indevida dos fundos comunitários do Feder.
No global, a campanha "Lusitanea" custou 5,4 milhões de euros, com os auditores a encontrarem irregularidades em dois milhões, referentes a iniciativas de valor superior a 200 mil euros adjudicadas por ajuste directo, quando deveriam ser sujeitas a concurso público.
Foi o caso da adjudicação à Brandia do "desenvolvimento do projecto global de identidade, comunicação e eventos" de promoção exterior " da região centro. Embora referenciando que "consta do despacho da direcção da ADTRC" a necessidade de se fazer consultas prévias a diversas empresas do mercado, os auditores sublinham "não ter encontrado os convites endereçados a tais entidades, nem ter apurado quais as empresas objecto de consulta". Mais, os auditores verificaram que apenas foi aberta a proposta da Brandia Novodesign por um valor de 1 998,326 euros (mais IVA).
A ADTRC, ainda presidida pelo deputado Paulo Pereira Coelho que poucos dias depois foi chamado ao Governo de Santana Lopes para assumir a secretaria de Estado da Administração Interna, terá então negociado o projecto com a Brandia que reduziu e alterou o valor da proposta para 267 685 euros. Notaram os auditores não terem observado "qualquer acta de negociação entre o beneficiário e o concorrente", como é obrigatório e, igualmente, não encontraram documentos de prova da garantia bancária de 13 mil euros que a Brandia teve de prestar.
A conclusão da inspecção está, actualmente, em fase de contraditório, depois da actual direcção da ADTRC ter contestado os valores em causa.|